Na manhã de 8 de outubro de 2025, um episódio trágico em Belém (PA) trouxe à tona novas discussões sobre os limites da atuação policial em operações de alto risco. Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos, foi morto durante a Operação Eclesiastes, conduzida pela Polícia Federal com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
Marcello era filho da escrivã da Polícia Civil do Pará, Ana Suellen Carvalho, e estava no apartamento com ela e o namorado dela, Marcelo Pantoja Rabelo — conhecido como “Marcelo da Sucata” — que era um dos alvos da operação. Segundo a versão oficial da PF, o jovem teria reagido à abordagem, agredido um agente e tentado tomar sua arma, o que levou os policiais a efetuarem disparos fatais.
A família, no entanto, contesta essa narrativa. De acordo com a tia da vítima, Ana Carolina Carvalho, os agentes federais arrombaram a porta do apartamento e entraram “bastante alterados”. Ela afirma que Marcello foi atingido por um primeiro tiro fora do quarto e, ao correr assustado para dentro, foi seguido e baleado novamente. A mãe do jovem, que tentou se identificar como policial civil, teria sido agredida verbal e fisicamente pelos agentes e impedida de ver o filho após os disparos.
Marcello era formado em Educação Física e trabalhava como auxiliar administrativo na Polícia Civil. Nas redes sociais, compartilhava momentos de lazer e praticava esportes como jiu-jítsu. Era também sobrinho-neto da promotora do Ministério Público do Pará, Ana Maria Magalhães.
O corpo do jovem permanece sob custódia da Polícia Científica do Pará. Um perito da Polícia Federal vindo de Brasília foi designado para realizar a análise, acompanhado por profissionais locais. A liberação para velório e sepultamento depende da conclusão dos exames periciais.
A morte de Marcello gerou comoção entre familiares, colegas da Polícia Civil e moradores da região. A Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Pará manifestou solidariedade à família. Enquanto isso, o Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar as circunstâncias do ocorrido e solicitou informações à Superintendência da PF, ao Instituto de Criminalística e ao IML.
Este caso reacende o debate sobre protocolos de abordagem, uso da força letal e a necessidade de maior transparência nas ações policiais. A sociedade civil e entidades de direitos humanos cobram respostas e responsabilização.
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