Filha de Stalin, Svetlana Alliluyeva, Morre aos 85 Anos Denunciando o Legado do Pai

Roberto Farias
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Em 22 de novembro de 2011, Svetlana Alliluyeva, também conhecida como Lana Peters, faleceu aos 85 anos em Wisconsin, Estados Unidos, vítima de câncer de cólon. Única filha mulher do ditador soviético Josef Stalin, Svetlana viveu uma vida marcada por tragédias pessoais e pela sombra do pai, a quem ela descreveu como “um monstro moral e espiritual” após desertar da União Soviética em 1967. Sua trajetória, repleta de rebeldia e busca por liberdade, foi um testemunho contra o regime comunista que seu pai ajudou a consolidar.
Nascida em 1926, Svetlana cresceu sob os privilégios da elite soviética, mas também sob o peso de um pai autoritário. Aos 6 anos, perdeu a mãe, Nadezhda Alliluyeva, que se suicidou, embora a jovem tenha sido informada que a causa fora uma doença. Seu irmão, Yakov, morreu em um campo nazista durante a Segunda Guerra Mundial, após Stalin recusar trocá-lo por um general alemão. Outro irmão, Vasily, sucumbiu ao alcoolismo em 1962. A vida de Svetlana foi moldada por essas perdas e pela repressão do pai, que chegou a enviar seu primeiro amor, um cineasta judeu, para a Sibéria.
Em 1967, durante uma viagem à Índia para levar as cinzas de um companheiro, Svetlana escapou da vigilância da KGB e pediu asilo político na embaixada dos EUA em Nova Délhi. Com apoio da CIA, chegou aos Estados Unidos, onde queimou seu passaporte soviético publicamente e denunciou o regime do pai, responsável pela morte de milhões durante seus 30 anos de governo brutal. “Onde quer que eu vá, serei sempre uma prisioneira política do nome do meu pai”, disse ela, refletindo o fardo que carregou.
Svetlana publicou a autobiografia Vinte Cartas a um Amigo, que lhe rendeu milhões, mas doou grande parte da fortuna para caridade. Casou-se quatro vezes, incluindo com William Wesley Peters, com quem teve uma filha, Olga. Apesar de sua crítica ao comunismo, ela tentou retornar à União Soviética em 1984, mas, desiludida, voltou aos EUA dois anos depois. No final da vida, viveu em relativa pobreza, expressando arrependimento por não ter uma vida mais simples: “Lamento que minha mãe não tenha se casado com um carpinteiro”.
A morte de Svetlana, discreta como seus últimos anos, encerrou a saga de uma mulher que desafiou o legado de um dos maiores tiranos da história. Sua história é um lembrete das cicatrizes deixadas por regimes autoritários, mesmo sobre aqueles mais próximos do poder.

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