American Airlines Enfrenta Turbulência: Ações Despencam Após Pedido de Concordata em 2011

Roberto Farias
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Na manhã de 29 de novembro de 2011, as ações da AMR Corporation, controladora da American Airlines e da American Eagle, sofreram uma queda drástica de mais de 60% no pré-mercado da Bolsa de Nova York (Nyse), após a empresa anunciar que entrou com pedido de proteção ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. O pregão ainda não havia aberto, mas, por volta das 11h20 (horário de Brasília), as ações, que fecharam a US$ 1,62 na segunda-feira, eram negociadas a US$ 0,64, refletindo o impacto imediato da notícia no mercado financeiro.
A decisão de recorrer ao Capítulo 11, confirmada pela AMR, visa reestruturar a companhia, que enfrentava dificuldades financeiras agravadas por altos custos trabalhistas, volatilidade no preço do petróleo e flutuações cambiais. A empresa, que opera 3,3 mil voos diários para 260 aeroportos em mais de 50 países, informou que manterá suas operações normais durante o processo, incluindo voos, reservas, serviços ao cliente e pagamentos aos funcionários. “Estou confiante de que a American vai ressurgir ainda mais forte como uma líder global reconhecida pela excelência e inovação”, declarou Thomas Horton, presidente da AMR e da American Airlines.
No terceiro trimestre de 2011, a AMR reportou um prejuízo líquido de US$ 162 milhões, contrastando com o lucro de US$ 143 milhões no mesmo período de 2010. Nos primeiros nove meses do ano, as perdas acumularam US$ 884 milhões, pressionadas por fatores como o aumento do custo do combustível e a desvalorização do dólar. Apesar de contar com US$ 4,1 bilhões em caixa e investimentos de curto prazo em setembro, a AMR enfrentava uma dívida de US$ 29,6 bilhões contra US$ 24,7 bilhões em ativos, segundo documentos judiciais.
O que é o Capítulo 11?
O Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA permite que empresas em dificuldades financeiras continuem operando enquanto negociam com credores sob supervisão judicial. A proteção pode ser solicitada pela própria empresa ou por credores, oferecendo ao devedor a possibilidade de manter ativos, adiar pagamentos, contestar demandas e até reduzir dívidas unilateralmente. Em troca, a companhia deve fornecer informações detalhadas sobre sua situação financeira e elaborar um plano de reorganização, que, se aprovado por credores e juiz, define como as dívidas serão pagas e as fontes de recursos para isso.
A medida, embora drástica, foi vista como estratégica pela AMR, que resistiu por anos a essa alternativa, ao contrário de concorrentes como Delta e United, que usaram o Capítulo 11 para cortar custos e se fortalecer. O pedido marcou a saída de Gerard Arpey, CEO que se opunha à falência, e a ascensão de Horton ao comando. Analistas, no entanto, alertaram que a reestruturação poderia impactar funcionários e pensionistas, com possíveis cortes em benefícios e contratos trabalhistas.
A queda abrupta das ações reflete a incerteza dos investidores, mas a AMR assegurou que o processo visa restaurar sua competitividade. A história da American Airlines, então a terceira maior companhia aérea dos EUA, entrou em um novo capítulo, com desafios e esperanças de recuperação no horizonte.

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