O Escândalo dos 300 Caminhões Roubados na Fronteira Brasil-Paraguai em 2009

Roberto Farias
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Em 2009, uma investigação do Ministério Público revelou um audacioso esquema criminoso na fronteira entre Brasil e Paraguai, que resultou no roubo de cerca de 300 caminhões. A operação, exposta em uma reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, no dia 16 de agosto de 2009, apontou para uma quadrilha liderada por Felipe Baron Escurra, conhecido como "Barão da Maconha". O grupo atuava principalmente na região de Ponta Porã (Mato Grosso do Sul) e Coronel Sapucaia, na divisa com o Paraguai, aproveitando a vulnerabilidade da área para executar seus crimes.
De acordo com as autoridades, a quadrilha se especializou em roubar cargas valiosas, como calcário e fertilizantes, além dos próprios caminhões. Um dos casos destacados na reportagem envolveu um caminhoneiro que transportava 40 toneladas de adubo. Ele foi forçado a cruzar a fronteira para o Paraguai, onde foi mantido em cativeiro por dois dias, sofrendo ameaças de morte. Para recuperar o veículo, a vítima precisou pagar R$ 25 mil. A estimativa do Ministério Público é que o prejuízo causado pela quadrilha alcançou R$ 12 milhões, considerando o valor das cargas e dos caminhões roubados.
A estratégia do grupo era sofisticada: os criminosos se passavam por fazendeiros, encomendavam grandes quantidades de produtos agrícolas e pagavam parcelas iniciais para ganhar a confiança das empresas. No momento da entrega, as cargas eram roubadas. O Fantástico revelou que a quadrilha conseguia reinserir essas mercadorias no mercado com facilidade, aproveitando a alta demanda por produtos agrícolas na região de fronteira. Segundo o delegado Antônio Carlos Videira, do departamento de repressão aos crimes de fronteira, a área era ideal para os criminosos, que revendiam as cargas para produtores brasileiros e paraguaios sem levantar suspeitas.
A investigação apontou que o líder, Felipe Baron Escurra, já era procurado por crimes como tráfico de drogas, roubo e homicídio. A quadrilha intensificou os assaltos a caminhões após problemas na produção de maconha, causados por chuvas excessivas na região, o que os levou a diversificar suas atividades criminosas. A casa de Escurra, em Capitán Bado, no Paraguai, foi descrita como uma fortaleza, com torres de observação e capangas armados, evidenciando o poder do grupo.
Esse caso expôs a fragilidade da segurança na fronteira Brasil-Paraguai e a sofisticação das organizações criminosas que operam na região. A ação do Ministério Público e a cobertura jornalística do Fantástico jogaram luz sobre a necessidade de maior cooperação entre as autoridades dos dois países para combater o crime transnacional.

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