Em 14 de agosto de 2009, a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, foi palco de intensos confrontos que marcaram a luta pelo poder no território palestino. O embate envolveu a polícia do Hamas, grupo que governa Gaza, e o Jund Ansar Allah, uma facção radical islâmica com inspiração na Al-Qaeda. O saldo foi trágico: pelo menos 24 pessoas morreram, incluindo o líder do grupo, o xeque Abdel Latif Moussa, conhecido como Abu al-Noor al-Maqdisi, e dezenas ficaram feridas, entre elas civis e crianças.
O conflito teve início após a oração de sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, na mesquita Ibn Taymiyya. Durante o sermão, Moussa desafiou abertamente o Hamas, criticando-o por não impor a Sharia (lei islâmica) de forma rigorosa e anunciando a criação de um "emirado islâmico" em Gaza. Ele chegou a convocar membros das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, a se unirem à sua causa, distribuindo panfletos que detalhavam os planos do grupo. A resposta do Hamas foi imediata: suas forças cercaram a mesquita, desencadeando horas de combates intensos.
O Jund Ansar Allah acusava o Hamas de ser "insuficientemente islâmico" e defendia uma visão extremista, rejeitando qualquer trégua com Israel e buscando estabelecer uma teocracia rígida. Para o Hamas, que consolidava seu controle sobre Gaza desde 2007, a declaração de Moussa representava uma ameaça direta à sua autoridade. A repressão ao grupo radical foi, portanto, uma demonstração de força para evitar divisões internas e manter a governança do território.
Esse episódio reflete as complexas dinâmicas de poder em Gaza, onde disputas ideológicas e políticas frequentemente escalam para a violência. O confronto de 2009 não apenas eliminou o Jund Ansar Allah como força significativa, mas também reforçou o domínio do Hamas, que buscava equilibrar sua identidade islâmica com a administração prática de um território sob constante pressão.
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