Brasília — A proposta de enquadrar facções criminosas como organizações terroristas, em discussão na Câmara dos Deputados, acendeu um alerta vermelho entre líderes do mercado financeiro. Representantes de fundos de investimento e instituições bancárias procuraram diretamente o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator do projeto, Guilherme Derrite (PP-SP), para expressar preocupações sobre os impactos econômicos da medida.
Segundo interlocutores do setor, a equiparação legal de grupos como o PCC e o Comando Vermelho ao terrorismo internacional poderia gerar efeitos colaterais graves. Muitos fundos estrangeiros possuem cláusulas que proíbem investimentos em países que abrigam ou reconhecem organizações terroristas em seu território. A mudança na legislação brasileira poderia, portanto, acionar esses gatilhos e provocar uma fuga de capitais.
Além disso, há receio de que a imagem do Brasil no exterior seja prejudicada, afetando setores como turismo, comércio e cooperação internacional. A pressão do mercado levou Derrite a reformular o texto do projeto: em vez de classificar diretamente as facções como terroristas, o substitutivo propõe que certos atos praticados por essas organizações sejam tratados com penas equivalentes às do terrorismo.
A movimentação revela o delicado equilíbrio entre segurança pública e estabilidade econômica. Enquanto parlamentares da base governista criticam a condução do projeto, o relator busca apoio técnico e suprapartidário para avançar com uma proposta que endureça o combate ao crime organizado sem comprometer a confiança internacional no país.
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