O senador Hamilton Mourão, ex-vice-presidente do Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro, depôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 23 de maio de 2025, como testemunha no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Em seu depoimento, Mourão foi enfático ao negar qualquer participação em reuniões ou articulações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que “não foi convocado para nenhuma reunião” dessa natureza e que Bolsonaro já estava preparado para a transição de governo após a derrota nas eleições. O senador também destacou que não teve acesso a minutas de decretos golpistas e que sua relação com o ex-presidente havia se deteriorado, limitando-se a contatos institucionais.
Mourão, que hoje representa o Republicanos-RS no Senado, já havia classificado o suposto plano golpista como “sem pé nem cabeça” em declarações anteriores, como em seu podcast “Bom Dia, Mourão” em novembro de 2024. Ele argumentou que um golpe de Estado exigiria apoio significativo das Forças Armadas, incluindo movimentação de tropas, algo que, segundo ele, nunca ocorreu. “Se meia dúzia de três ou quatro escreveram bobagem, tudo bem. É crime escrever bobagem?”, questionou, minimizando as conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) como meras “conversas de WhatsApp” e uma “conspiração tabajara”. Mourão também criticou a investigação da PF, sugerindo que dois anos de análise de mensagens e e-mails não revelaram ações concretas, mas apenas intenções.
O relatório da PF, com 884 páginas, cita Mourão duas vezes, com base em mensagens enviadas ao tenente-coronel Mauro Cid por Sérgio Cavaliere, integrante do núcleo de desinformação. Um interlocutor, identificado como “Riva”, sugeriu que Mourão teria negociado com outros generais a saída de Bolsonaro, mencionando o golpe frustrado no Peru como exemplo. No entanto, áudios de outro investigado, Wladimir Matos Soares, reforçam que Mourão não endossou a trama golpista, sendo até criticado por bolsonaristas, que o chamaram de “escroto” por sua postura. Esses elementos afastaram Mourão de ser investigado ou indiciado, apesar de sua proximidade com o núcleo acusado.
Além disso, Mourão já enfrentou críticas de bolsonaristas, que o acusaram de ser “traidor” ou até informante da CIA, alegações que ele negou veementemente, como em resposta a uma matéria do Financial Times em 2023. Sua postura de legalidade e defesa da democracia, expressa em pronunciamentos como o de 31 de dezembro de 2022, quando pediu a preservação democrática, reforça sua narrativa de distanciamento de qualquer intento golpista. Atualmente, Mourão foca sua atuação no Senado em pautas como apoio a produtores rurais e oposição a medidas do governo Lula, mantendo-se como uma voz crítica, mas dentro do campo institucional.
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