Horror na Tanzânia: A Caçada Cruel contra Albinos e a História de Mwigulu

Roberto Farias
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Na Tanzânia, a violência contra pessoas com albinismo permanece uma ferida aberta, alimentada por crenças arcaicas que transformam corpos em mercadorias. Em fevereiro de 2013, um caso devastador chocou o mundo: Mwigulu Magessa, um menino de sete anos, foi atacado enquanto caminhava para casa no distrito de Milepa, sudoeste do país. Criminosos cortaram sua mão com um facão, deixando-o gravemente ferido. Internado, Mwigulu tornou-se mais uma vítima de uma prática macabra que persegue albinos, movida pela ideia de que seus membros possuem propriedades místicas.
Poucos dias antes, uma mulher albina também sofreu um ataque brutal, perdendo o braço para agressores armados. A polícia prendeu cinco suspeitos nesse caso, mas a repetição desses atos expõe uma crise profunda. Em regiões como os arredores dos lagos Victoria e Nyasa, superstições alimentam um mercado negro onde partes de corpos de albinos são vendidas por milhares de dólares, usadas em rituais que prometem prosperidade ou poder. Estima-se que, desde 2000, ao menos 75 albinos foram assassinados no país, com muitos outros mutilados, segundo dados da ONU.
A tragédia de Mwigulu reflete um problema maior. Apesar de operações policiais, como a de 2015 que deteve 200 pessoas, incluindo curandeiros, a justiça é rara — apenas cinco condenações foram registradas para 71 assassinatos até 2012. Organizações como a Under the Same Sun lutam para mudar essa realidade, mas a falta de políticas eficazes do governo tanzaniano é alvo de críticas. Em 2024, a ONU destacou que a inação do país contraria compromissos internacionais de proteger pessoas com deficiência.
Enquanto Mwigulu sonha em crescer e combater essa violência, a Tanzânia enfrenta um desafio urgente: desmantelar mitos, reformar leis ultrapassadas e garantir segurança para albinos. Só com educação e ações concretas será possível pôr fim a essa perseguição cruel e devolver dignidade a uma comunidade que vive sob constante ameaça.

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