Há quatro anos, Babila, uma jovem sonhadora de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, apaixonou-se e mudou o rumo de sua vida. Contra a vontade dos pais, Rosana e Alexandre Marcos, ela abandonou a carreira de modelo, deixou de lado o desejo de ser atriz e se afastou de amigos para viver com o namorado na capital. A relação, marcada por tensões desde o início, afastou Babila da família. Os pais desaprovavam o genro, descrito como controlador, e o convívio entre eles tornou-se raro. “Ele ligava a cada cinco minutos, querendo saber onde ela estava”, relatou Rosana, destacando o comportamento possessivo do marido.
O relacionamento, repleto de altos e baixos, atingiu um ponto crítico há dois anos, quando Babila, temendo pela vida, trancou-se em um banheiro enquanto o marido a ameaçava com um revólver. Após o incidente, que levou todos à delegacia, o casal se separou temporariamente. Babila voltou para a casa dos pais, retomou os estudos ao ingressar em uma faculdade de publicidade e conseguiu um emprego como vendedora. Mas o ex-companheiro a procurou novamente, e, contra os conselhos da família, ela decidiu dar uma segunda chance ao relacionamento. “Ela era boa demais, não via maldade nas pessoas”, lamentou Rosana.
A gravidez de Babila trouxe uma trégua forçada. Os pais, apesar da relutância, decidiram apoiar a filha pelo bem do neto. Com o dinheiro da venda da casa onde moravam, abriram uma distribuidora de água para Babila, que passou a trabalhar ao lado da mãe. O marido, segundo os sogros, parecia ter mudado, mas continuava controlador, ditando até as roupas que ela usava. “Ele a tratava como um troféu”, disse Alexandre. Uma semana antes da tragédia, Babila confidenciou à mãe que não amava mais o marido e planejava se separar após o batizado do filho. O destino, porém, não lhe deu essa chance.
Na tarde de 4 de julho de 2013, dia da final da Libertadores entre Corinthians e Boca Juniors, Babila recusou o convite dos pais para ficar no ABC e foi com o marido a um churrasco na casa de amigos. “Ela me passou um rádio, brincou dizendo ‘Ok, patroa’. Foram suas últimas palavras”, recordou Rosana, emocionada. Não houve sinais de conflito durante o evento, segundo amigos, mas, na madrugada do dia 5, no apartamento do casal, na Rua Barrânia, no Jabaquara, uma discussão terminou em tragédia. O marido esfaqueou Babila e, em seguida, tentou tirar a própria vida.
O irmão do suspeito encontrou a cena: Babila já estava morta, e o marido, inconsciente, perdeu muito sangue. Internado em estado grave na UTI do Hospital Arthur Ribeiro de Saboya até 14 de julho, ele deve responder por homicídio qualificado após receber alta, segundo a delegada Lisandreia Colabuono, da 2ª Delegacia da Mulher. A polícia descartou a participação de terceiros no crime.
O filho do casal, agora sob os cuidados dos avós maternos, ainda não entende a ausência dos pais. Quando viu o carro da mãe, chamou por ela, e Alexandre, com o coração apertado, respondeu: “É a vovó. A mamãe está no céu”. Rosana e Alexandre buscam a guarda definitiva do neto e planejam realizar o sonho de Babila: uma festa de dois anos para o menino em um bufê infantil. Entre os pertences da filha, encontraram dinheiro guardado com um bilhete: “Para o bufê do meu filho”. “Ela só queria uma família feliz”, disse Rosana, determinada a honrar a memória da filha enquanto enfrenta a dor de uma perda irreparável.
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