Em 28 de abril de 2012, o jornalista francês Roméo Langlois, correspondente da France 24 e do jornal Le Figaro, foi sequestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) durante um violento confronto no departamento de Caquetá, no sul do país. Langlois, de 35 anos, acompanhava uma unidade militar colombiana em uma operação antidrogas, que visava destruir laboratórios de cocaína, quando o grupo foi emboscado por guerrilheiros da Frente 15 das Farc. O ataque, ocorrido na localidade de Unión Peneya, deixou quatro soldados mortos e outros quatro feridos, segundo o Exército colombiano.
O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, confirmou no domingo, 29 de abril, que Langlois havia sido feito “prisioneiro” durante o confronto. “O centro de crise está mobilizado, e estamos em contato com as autoridades colombianas”, declarou Juppé em Lyon, conforme noticiado pela AFP. Informações iniciais indicavam que o jornalista foi baleado no braço esquerdo durante o tiroteio. Segundo o ministro da Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, Langlois, que usava colete à prova de balas e capacete militar, removeu o equipamento e gritou que era jornalista, correndo em direção aos guerrilheiros para se identificar como civil. Apesar disso, ele foi capturado e declarado “prisioneiro de guerra” pelas Farc em um comunicado divulgado em 6 de maio por um integrante da Frente 15, identificado como Ancizar, via YouTube.
O Exército colombiano localizou cinco dos seis militares inicialmente dados como desaparecidos, mas Langlois permaneceu em cativeiro. A France 24, em nota, expressou preocupação, destacando a experiência do jornalista, que vivia na Colômbia há mais de uma década e era reconhecido por sua cobertura do conflito armado e do narcotráfico. “Sabemos que é uma região difícil, mas confiamos em Roméo, que conhece bem o terreno”, afirmou Nahida Nakad, diretora editorial da emissora. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu a libertação imediata do jornalista, reforçando que as Farc haviam anunciado em fevereiro de 2012 o fim da prática de sequestros por resgate, uma promessa que o caso de Langlois colocou em xeque.
Após 33 dias de cativeiro, Langlois foi libertado em 30 de maio de 2012, em San Isidro, Caquetá, entregue a uma missão humanitária composta pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a ex-senadora Piedad Córdoba e o enviado francês Jean-Baptiste Chauvin. Em uma coletiva em Bogotá, Langlois, que sofreu uma lesão no cotovelo mas estava em boas condições, criticou as Farc por transformarem seu sequestro em um “circo midiático” para ganhos políticos, especialmente em meio às eleições presidenciais francesas. “As Farc sofreram reveses nos últimos anos e viram em mim uma oportunidade de publicidade”, disse ele à France 24. O jornalista, que filmou parte de seu cativeiro, planejava usar o material em um documentário. Ele retornou à França em 1º de junho, recebido pelo presidente François Hollande.
O caso de Langlois, o refém de maior destaque das Farc desde a política franco-colombiana Ingrid Betancourt, libertada em 2008, trouxe à tona a persistência do conflito armado na Colômbia, mesmo após anos de ofensivas militares apoiadas pelos EUA, que reduziram os efetivos das Farc para cerca de 9.000 combatentes. O episódio também reacendeu debates sobre os riscos enfrentados por jornalistas em zonas de conflito e a manipulação política de sequestros.
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