Em Teixeiras, na Zona da Mata de Minas Gerais, Dayane Costa Felipe, de 24 anos, carrega uma característica que a torna única: um mamilo no calcanhar direito. Estudante e mãe, ela transformou o que poderia ser motivo de constrangimento em um traço de orgulho pessoal, apelidando-o de “xodó”. A condição, confirmada como um mamilo supranumerário em novembro de 2024, desperta curiosidade, sustos e até inveja entre amigos e conhecidos, mas para Dayane é apenas parte de quem ela é.
Uma Descoberta Desde a Infância
Dayane sempre soube que tinha algo diferente no pé, mas a confirmação veio durante sua gravidez, quando o mamilo inchou, levando-a a consultar um médico. “Ele disse que era tecido mamário, mas sem glândula funcional”, conta. Apesar da raridade, a anomalia nunca a incomodou. “É sensível, mas não atrapalha. É igualzinho a um peito mesmo”, explica, destacando o apego que sente por essa peculiaridade.
A reação das pessoas varia entre espanto e fascínio. Sua melhor amiga, ao descobrir, gritou em choque, enquanto a pedicure, que por anos confundiu o mamilo com um calo, chamou colegas para ver quando soube a verdade. Até vizinhas de infância já tentaram imitar a marca, desenhando “mamilos” nos próprios pés. “Minhas amigas tinham inveja quando éramos crianças”, lembra Dayane, com bom humor.
Um Caso Médico Excepcional
A mastologista Soraia Zhouri, do Hospital das Clínicas da UFMG, explica que mamilos supranumerários — tecidos mamários extras — não são incomuns, mas a localização no calcanhar é extremamente rara. “Eles costumam aparecer na linha mamária, que vai da axila à pélvis. Um caso assim sugere que uma célula dessa linha se deslocou durante o desenvolvimento embrionário e se fixou no calcanhar”, diz a especialista.
Essas anomalias podem passar despercebidas, confundidas com pintas, até momentos como a gravidez ou lactação, quando o tecido pode inchar ou até produzir leite. Embora a maioria dos casos seja inofensiva, Zhouri alerta: “É uma glândula mamária e precisa de acompanhamento, pois, em casos raros, pode desenvolver tumores. Não deve ser ignorada.”
Viver com o Incomum
Apesar da possibilidade de remoção cirúrgica, sugerida por um médico, Dayane não vê motivo para isso. “Por enquanto, não me incomoda, e eu gosto dele. É meu xodó”, afirma. A decisão reflete sua aceitação e a forma como transformou a anomalia em parte de sua identidade. O principal desconforto, segundo a mastologista, é estético, mas Dayane parece à vontade com as reações que sua condição provoca, encarando-as com naturalidade.
Reflexões sobre o Corpo e a Singularidade
A história de Dayane é um convite à reflexão sobre como lidamos com diferenças corporais. Em um mundo obcecado por padrões, ela abraça sua singularidade, transformando olhares curiosos em oportunidades para contar sua história. Seu caso também destaca a importância do acompanhamento médico para anomalias raras, que, embora benignas na maioria das vezes, exigem atenção.
O que histórias como a de Dayane nos ensinam sobre aceitação e diversidade? Como o sistema de saúde pode educar a população sobre condições incomuns sem estigmatizá-las? Compartilhe suas ideias nos comentários e junte-se ao debate sobre o valor da singularidade.
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