O Brasil enfrentava a rápida disseminação da gripe A (H1N1), popularmente chamada de gripe suína, com 334 casos confirmados até o dia 25, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença, que teve origem no México em março daquele ano, foi declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de junho, após atingir mais de 75 países. No Brasil, o vírus já circulava em sete estados e no Distrito Federal, com São Paulo liderando com 171 casos, seguido pelo Paraná (58), Rio de Janeiro (41) e Santa Catarina (36). O primeiro caso de transmissão comunitária, registrado em 8 de maio no Rio de Janeiro, marcou o início da circulação do vírus dentro do país, sem relação direta com viagens internacionais.
A gripe suína, causada por uma nova cepa do vírus Influenza A (H1N1), apresentava sintomas semelhantes aos da gripe comum, como febre acima de 38°C, tosse, dores de cabeça, musculares e nas articulações, além de irritação nos olhos e coriza. Diferentemente de outras pandemias, como a gripe espanhola de 1918, o H1N1 afetava predominantemente jovens e adultos saudáveis, com 80% das mortes registradas em pessoas com menos de 65 anos. No Brasil, até o final de junho, uma suspeita de morte foi reportada no Rio Grande do Sul, envolvendo um turista americano de 58 anos, mas o caso não foi confirmado oficialmente.
O Ministério da Saúde, sob a liderança do então ministro José Gomes Temporão, adotou medidas preventivas, como monitoramento em aeroportos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e treinamento de tripulações aéreas para identificar sintomas. O antiviral oseltamivir (Tamiflu) foi amplamente utilizado para tratar casos graves, com estoques garantidos pelo governo. O Instituto Butantan, em São Paulo, iniciou a produção de vacinas contra o H1N1 a pedido da OMS, com previsão de distribuição ainda em 2009. Apesar do aumento de casos, Temporão destacou que a situação era de “tranquilidade”, enfatizando que a doença não apresentava diferenças significativas da gripe sazonal em termos de gravidade para a maioria dos infectados.
A chegada do inverno e o aumento de viagens durante as férias escolares foram apontados como fatores que contribuíram para o crescimento dos casos. Em 23 de junho, a mineradora Vale, no Rio de Janeiro, colocou 90 funcionários em quarentena após a confirmação de um caso de H1N1, evidenciando a preocupação com a transmissão em ambientes fechados. O Brasil, que registrou seus primeiros casos em abril, intensificou a vigilância, com unidades sentinelas monitorando Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Até o fim da pandemia, em agosto de 2010, o país contabilizou cerca de 50.482 casos e 2.060 mortes, com o Paraná sendo o estado mais afetado, concentrando 58,6% das infecções.
O avanço da gripe suína gerou alarme, mas também mobilizou esforços de prevenção e pesquisa. A cobertura da mídia, incluindo reportagens do Jornal Nacional e Jornal Hoje, destacou a importância de medidas como lavagem das mãos, uso de máscaras em áreas afetadas e busca por atendimento médico em caso de sintomas. A pandemia de 2009, a primeira do século XXI, deixou lições sobre a importância de sistemas de vigilância robustos e respostas rápidas para conter surtos globais.
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