
O voo IY 626 da Yemenia Airways, operado por um Airbus A310-324, caiu no Oceano Índico, a cerca de 15 km da costa da Grande Comore, próximo às Ilhas Comores, apenas cinco minutos antes do pouso no Aeroporto Internacional Prince Said Ibrahim, em Moroni. O avião, que partiu de Sanaa, no Iêmen, com destino a Moroni, transportava 142 passageiros e 11 tripulantes, totalizando 153 pessoas. A maioria dos passageiros era de origem comorense, muitos retornando de Paris, com uma escala em Marselha, França, e conexão em Sanaa. As autoridades aeroportuárias francesas confirmaram que 66 cidadãos franceses estavam a bordo.
O acidente ocorreu por volta das 1h50, horário local (22h50 UTC de 29 de junho), em meio a condições climáticas adversas, com ventos de até 61 km/h e turbulência leve a moderada. Segundo investigações, o desastre foi causado por erro humano: os pilotos não conseguiram estabilizar a altitude e a atitude da aeronave durante uma manobra visual de aproximação para a pista 20, resultando em um estol aerodinâmico. A tripulação, composta pelo comandante Khaled Hajeb, com 7.936 horas de voo, o copiloto Ali Atef, com 3.641 horas, e o engenheiro de voo Ali Salem, todos iemenitas, não respondeu adequadamente aos alertas automáticos da aeronave.
Milagrosamente, uma única sobrevivente foi resgatada: Bahia Bakari, uma menina francesa de 12 anos (e não 5, como inicialmente reportado por algumas fontes). Sem experiência em natação e sem colete salva-vidas, ela se agarrou a destroços do avião por cerca de 13 horas em alto-mar até ser encontrada por uma embarcação de resgate, o Sima Com 2. Bahia, apelidada de "menina milagre", sofreu fraturas na pélvis e no ombro, queimaduras nos joelhos e ferimentos faciais, mas se recuperou e foi liberada do hospital em 23 de julho. Sua mãe, que a acompanhava em uma viagem de férias para as Comores, não sobreviveu.
A aeronave, registrada como 7O-ADJ, fabricada em 1990, tinha 51.900 horas de voo e havia sido banida do espaço aéreo francês em 2007 devido a irregularidades técnicas detectadas em inspeções. A tragédia levantou críticas à Yemenia, com relatos de condições precárias no voo Sanaa-Moroni, descrito por passageiros como desconfortável e mal mantido. A comunidade comorense na França protestou contra a companhia, exigindo maior segurança. Em 2022, a Yemenia foi condenada por um tribunal francês por homicídio culposo, recebendo uma multa de €225.000 e ordenada a pagar indenizações às famílias das vítimas e à sobrevivente.
A investigação, liderada pela Agência Nacional de Aviação Civil e Meteorologia das Comores (ANACM), com apoio do BEA francês e especialistas da Airbus, apontou falhas na formação dos pilotos para voos noturnos e na manutenção da aeronave. A tragédia, a mais mortal da história da aviação do Iêmen e das Comores, marcou profundamente as comunidades afetadas e reforçou a necessidade de padrões de segurança mais rigorosos na aviação.
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