
A economia brasileira viu o fim de um período de crescimento robusto, conhecido como "anos dourados", que marcou os primeiros anos do governo Lula (2003-2010). Após anos de expansão impulsionada pelo boom das commodities, superávits comerciais e entrada de capital estrangeiro, o Brasil foi atingido pela crise financeira global, desencadeada pela quebra do Lehman Brothers nos EUA e pela queda histórica da Bolsa de Nova York, que em 29 de setembro perdeu 7,3%, evaporando 1,2 trilhão de dólares em um dia e acumulando perdas de 7 trilhões ao longo do ano. Esse colapso global marcou o fim da fase de prosperidade brasileira, expondo vulnerabilidades estruturais.
Entre 2003 e 2007, o Brasil cresceu a uma média anual de 4,1%, segundo o IBGE, beneficiado por preços altos de commodities como soja e minério de ferro, que sustentaram exportações recordes — em 2007, o superávit comercial atingiu 40 bilhões de dólares, conforme o Ministério da Economia. Programas sociais como o Bolsa Família, que alcançava 11 milhões de famílias, e o aumento do salário mínimo em termos reais (cerca de 46% de 2003 a 2008) reduziram a desigualdade, com o índice de Gini caindo de 0,58 para 0,55, segundo o Ipea. A estabilidade macroeconômica, com reservas internacionais subindo para 206 bilhões de dólares até 2008, e a conquista do grau de investimento pela S&P em abril daquele ano, consolidaram a imagem de um Brasil em ascensão.
Porém, a crise global de 2008 interrompeu essa trajetória. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencou 41% ao longo do ano, refletindo o pânico internacional. O real se desvalorizou 32% frente ao dólar, e o crédito doméstico encolheu, impactando setores como a indústria, que caiu 5,9% no último trimestre, segundo o IBGE. Apesar disso, o agronegócio mostrou resiliência: a safra de grãos 2008/09 foi projetada pela Conab para atingir até 144,55 milhões de toneladas, com o ministro Reinhold Stephanes destacando a demanda por alimentos como um amortecedor. Ainda assim, a volatilidade nos preços de commodities como a soja afetou os ganhos.
O governo Lula respondeu com medidas anticíclicas, como a redução da taxa Selic (de 13,75% para 8,75% até 2009), incentivos fiscais e ampliação do crédito via bancos públicos, como o BNDES, que injetou 100 bilhões de reais na economia. Essas ações mitigaram os impactos, e o PIB caiu apenas 0,1% em 2009, uma desaceleração menos severa que em outros países emergentes. No entanto, a crise revelou dependências externas, como a exportação de commodities, e a falta de reformas estruturais, que se tornariam evidentes na recessão de 2015-2016.
Esse cenário econômico contrasta com os desafios sociais de 2008 no Brasil. A violência urbana no Rio de Janeiro, com assaltos a vans e a guerra do tráfico entre facções como o Comando Vermelho, e a aprovação da Lei Arouca, que regulamentou o uso de animais em pesquisas científicas, mostram um país lidando com prosperidade econômica e problemas estruturais simultaneamente. O fim dos "anos dourados" em 2008 marcou o início de uma nova fase de incertezas para a economia brasileira.
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