No dia 23 de julho de 2025, a região fronteiriça entre Tailândia e Camboja, próxima ao templo histórico de Ta Moan Thom, tornou-se palco de um violento confronto armado. Tropas dos dois países trocaram disparos, intensificando uma disputa territorial que remonta a séculos. O incidente, desencadeado após semanas de crescente animosidade, foi agravado pelo uso de um drone de vigilância cambojano e pelo envio de tropas equipadas com armamento pesado para a área. Ambos os lados se acusam mutuamente de iniciar o conflito, mas detalhes sobre vítimas imediatas não foram confirmados.
A tensão na fronteira não é novidade. A área disputada, que inclui o templo de Preah Vihear, reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, tem sido um ponto de atrito desde a demarcação imprecisa feita durante o período colonial francês. Em 1962, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) concedeu a soberania de Preah Vihear ao Camboja, mas áreas adjacentes, como Ta Moan Thom, continuam sendo motivo de discórdia. Confrontos anteriores, como os de 2008 e 2011, já deixaram mortos e deslocados, evidenciando a fragilidade da paz na região.
No início de 2025, a situação piorou. Em 28 de maio, um soldado cambojano foi morto em Chong Bok, o que levou Phnom Penh a reforçar sua presença militar com lançadores de foguetes. Em resposta, a Tailândia fechou checkpoints turísticos em seis províncias fronteiriças a partir de 23 de junho, permitindo apenas passagens humanitárias para estudantes e pacientes médicos. No dia 24 de julho, escolas tailandesas ao longo da fronteira foram fechadas, e alunos foram orientados a buscar abrigo em bunkers caso a violência aumente.
O Camboja adotou medidas drásticas, incluindo a suspensão de importações de produtos tailandeses, como frutas, vegetais e combustíveis, além de bloquear serviços de internet e conteúdos culturais tailandeses. Em retaliação, a Tailândia expulsou um enviado cambojano e retirou seu embaixador de Phnom Penh após uma explosão de mina terrestre que feriu cinco soldados tailandeses no dia 23 de julho. O Camboja nega responsabilidade pelas minas, atribuindo-as a conflitos passados.
A crise também ganhou contornos políticos internos na Tailândia. A primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra foi suspensa em 1º de julho após o vazamento de uma ligação com o ex-líder cambojano Hun Sen, na qual ela criticava um comandante militar tailandês. Esse escândalo intensificou a instabilidade política doméstica, dificultando a resposta coordenada de Bangcoc ao conflito.
Apesar de uma reunião bilateral em 14 de junho de 2025 ter indicado progresso, as negociações não conseguiram evitar a escalada. O Camboja ameaça recorrer à CIJ para resolver a disputa, enquanto a Tailândia insiste em uma solução bilateral. Tiros de canhão foram relatados em Ta Muen Thom, e o Exército Real Tailandês emitiu alertas para que civis e imprensa evitem registrar movimentações militares, sinalizando a gravidade da situação.
As tensões entre Tailândia e Camboja têm raízes profundas, agravadas por disputas territoriais e rivalidades históricas. O chamado "Triângulo Esmeralda", uma área rica em recursos naturais, também é um ponto de contenção. A incapacidade de demarcar claramente a fronteira, somada à importância cultural e simbólica de locais como Preah Vihear, mantém o potencial para novos conflitos.
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