Vida Destruída na Era Digital: O Drama de uma Jovem Vítima de Vazamento Íntimo em Goiânia

Roberto Farias
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Uma jovem de 19 anos, de Goiânia, vive um pesadelo desde que vídeos íntimos foram vazados em aplicativos de mensagens e redes sociais no início de outubro. A estudante, que também trabalhava como vendedora, relata que sua vida desmoronou: abandonou temporariamente os estudos presenciais em design de interiores e foi afastada do emprego em uma loja de roupas devido ao assédio que se estendeu às colegas. “Minha vida virou um inferno”, desabafou em entrevista ao G1 e à TV Anhanguera, em 23 de outubro, revelando que mal sai de casa, exceto para reuniões com advogados que cuidam do processo contra o suspeito de divulgar as imagens, seu ex-parceiro de três anos.
A jovem, que alterou a aparência para evitar ser reconhecida, afirma que gravou os vídeos por amor e confiança no então namorado, nunca imaginando que seriam expostos. “Não me arrependo do que fiz por amor, mas isso não deveria ter sido mostrado a ninguém”, disse. Desde que uma amiga a alertou sobre o vazamento, no dia 3 de outubro, ela enfrenta humilhação pública, com mensagens ofensivas que a chamam de “vadia” e “prostituta”, além de propostas indecentes, como a de um homem que ofereceu R$ 10 mil para encontrá-la. O caso viralizou, transformando um gesto de “OK” feito em um dos vídeos em memes com montagens de figuras públicas, o que intensificou sua exposição.
A vítima registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), que investiga o caso. Ela acredita que o responsável é o ex-parceiro, único que tinha acesso às imagens, protegidas por senhas em seu celular. Apesar de ele negar as acusações, a jovem teme que a falta de leis específicas e a complexidade de crimes virtuais dificultem a punição. “Não tem como apagar o vídeo do celular de todo mundo”, lamentou, pedindo que as pessoas denunciem os links para tentar remover o conteúdo da internet.
A estudante também sofreu um bombardeio de mensagens: mais de 4 mil contatos de desconhecidos no WhatsApp e tantas ligações que seu celular travava. Ela excluiu sua conta no Facebook para tentar se proteger. Apesar disso, encontrou apoio em familiares, amigos e até em páginas nas redes sociais que reúnem mais de 35 mil pessoas, incluindo vítimas de situações semelhantes, que a incentivam a seguir em frente. “Do mesmo jeito que me criticam, tem gente me apoiando”, destacou.
Embora receba aulas online e tenha o suporte de colegas e professores, retomar a rotina é um desafio. “Queria minha vida de volta. É um trauma que vou carregar para sempre”, confessou. A jovem defende a criação de delegacias especializadas em crimes cibernéticos, apontando a falta de preparo para lidar com casos assim. A investigação segue com perícias no celular da vítima e depoimentos de testemunhas, mas a delegada responsável evita detalhes para não comprometer o processo.
O caso expõe a violência da exposição não consentida e o impacto devastador da viralização na era digital, enquanto a vítima luta para reconstruir sua vida e buscar justiça.

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