Agroglifos em Ipuaçu: Mistério Alienígena ou Arte Humana?

Roberto Farias
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A pequena cidade de Ipuaçu, no oeste de Santa Catarina, voltou a ser palco de um fenômeno que intriga moradores e atrai curiosos: os agroglifos, misteriosas formações geométricas em lavouras de cereais. Pelo quinto ano consecutivo, um círculo de 40 metros de diâmetro, cercado por 30 outros menores, apareceu em uma plantação local, reacendendo o debate entre ufólogos, que veem sinais extraterrestres, e céticos, que atribuem as marcas a brincadeiras humanas. Desde o primeiro registro em 2008, sempre por volta de novembro, Ipuaçu ganhou fama, atraindo turistas e até sendo chamada de “point dos malucos” pelo astrônomo Adolfo Stotz Neto, da UFSC.
Os agroglifos, também conhecidos como crop circles, têm registros globais desde os anos 1970, inicialmente no sul da Inglaterra, onde formas simples em plantações de trigo e aveia evoluíram para desenhos complexos. A “cereologia”, estudo ufológico desses padrões, alimenta teorias de que seriam marcas de pouso alienígena. No entanto, em 1991, os ingleses Doug Bower e Dave Chorley admitiram criar círculos como uma forma de arte, usando tábuas, cordas e fitas métricas para achatar caules sem quebrá-los. Hoje, essa prática é reconhecida como um gênero artístico, embora ufólogos insistam em características “sobrenaturais” nos desenhos.
Stotz Neto descarta a hipótese alienígena com argumentos científicos. Ele destaca a distância de 4,2 anos-luz até a estrela mais próxima, tornando improvável que seres avançados viajassem tanto apenas para fazer desenhos e partir. O projeto SETI@Home, que busca sinais de vida extraterrestre desde os anos 1990, nunca detectou evidências concretas. “Seria idiotice um ET vir aqui só para isso”, ironiza o professor, que observa o céu há 50 anos sem registros de fenômenos anômalos.
O cinema, como o filme Sinais (2002), de M. Night Shyamalan, amplificou o fascínio pelos agroglifos, associando-os a invasões alienígenas. Em Ipuaçu, os círculos transformaram a cidade em um polo turístico, com visitantes pagando para ver as marcas, enquanto agricultores lidam com prejuízos mínimos, já que as plantas apenas se dobram. Na Inglaterra, em Wiltshire, o fenômeno movimenta a economia com passeios de helicóptero e souvenirs.
Apesar da desmistificação, o místico ainda prevalece. Ufólogos apontam detalhes nos desenhos que desafiariam a capacidade humana, enquanto a população, influenciada por milênios de crenças em forças superiores, tende a abraçar explicações fantásticas. Stotz Neto reconhece a possibilidade de vida extraterrestre, mas alerta: “Se vierem, a história mostra que civilizações avançadas destroem as menores. Melhor que não venham.”

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