A crise que abalou o Ministério do Esporte não perdeu força mesmo após a saída do ex-ministro Orlando Silva. Agora, as acusações atingem diretamente seu antecessor, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), em um caso que expõe supostos desvios de recursos públicos para ONGs. Diferentemente da dinâmica usual em Brasília, onde a saída de um acusado costuma apaziguar escândalos, as denúncias contra Agnelo seguem ganhando fôlego, com a Justiça Federal prestes a receber um processo que o implica em irregularidades no programa Segundo Tempo.
No cerne das acusações está Luiz Carlos Medeiros, presidente do Instituto Novo Horizonte, suspeito de desviar R$ 3,4 milhões dos ministérios do Esporte e da Ciência e Tecnologia. Uma testemunha, Michael Vieira da Silva, afirma que Agnelo recebeu parte desses recursos. Segundo Michael, ele presenciou ligações em que o então ministro pedia dinheiro a Medeiros, que também teria apoiado a campanha de Agnelo ao Senado em 2006 com doações de computadores e eventos luxuosos, incluindo champanhe de R$ 300 por garrafa. “Esse apoio foi crucial para que Agnelo liberasse recursos do Segundo Tempo para a ONG”, declarou a testemunha. Medeiros, por sua vez, nega qualquer envolvimento de Agnelo na liberação dos convênios, enquanto o governador refuta as acusações de recebimento de dinheiro, admitindo apenas o suporte de Medeiros à sua campanha.
O inquérito, iniciado em 2008, foi encaminhado à Justiça Federal em 27 de outubro pelo juiz Omar Dantas Lima, de Brasília, após decisão do promotor Mozar de Souza, que discordou da omissão do nome de Agnelo no relatório do delegado Fábio de Farias. Curiosamente, Farias, que não citou o governador, foi promovido a diretor da Polícia Civil no governo Agnelo, enquanto Giancarlos Zuliani, que apontou conexões entre Agnelo e ONGs ligadas ao policial militar João Dias Ferreira, foi relegado a um cargo menos relevante. Dias, outro pivô do escândalo, é acusado de fraudar R$ 2 milhões e teria recebido ajuda de Agnelo para se defender em um processo, segundo a revista Época, que revelou gravações telefônicas desmentindo a alegada distância entre eles.
A tensão política no Distrito Federal se intensificou com a exoneração de 68 delegados da Polícia Civil, após áudios vazados pela TV Globo reforçarem a proximidade de Agnelo com Dias. Enquanto a guerra por cargos e influência prossegue, o caso expõe a fragilidade de controles sobre repasses a ONGs e mantém Agnelo sob pressão, com a Justiça Federal pronta para aprofundar as investigações.
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