Caso Penélope expõe fusão entre influência digital e criminalidade no Rio

RIO DE JANEIRO — A morte de Penélope, conhecida nas redes sociais como “musa do crime”, durante uma megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, reacende o debate sobre a glamorização do tráfico de drogas e o uso das redes sociais como vitrine para facções criminosas.

Penélope, que ostentava armas de fogo e dançava em vídeos publicados em plataformas digitais, era apontada pelas autoridades como uma das principais combatentes do Comando Vermelho na região. Segundo a Polícia Militar, ela foi atingida por disparos de arma de fogo durante confronto com agentes de segurança e não resistiu aos ferimentos.

A trajetória da jovem revela um fenômeno crescente: a transformação de integrantes do crime organizado em figuras públicas com forte apelo visual e influência digital. A estética do poder armado, combinada com elementos de cultura pop, tem atraído seguidores e normalizado comportamentos ligados à criminalidade, especialmente entre jovens em comunidades vulneráveis.

Especialistas em segurança pública e comunicação alertam para os riscos dessa exposição. “O crime está se comunicando com linguagem de celebridade. Isso exige uma resposta que vá além da repressão armada”, afirma um pesquisador da área.

A operação que resultou na morte de Penélope integra uma série de ações intensificadas pelas forças de segurança do estado, que já contabilizam mais de 120 mortes em confrontos recentes. O número elevado de vítimas e o perfil de algumas delas têm gerado críticas de organizações de direitos humanos e reacendido discussões sobre o modelo de enfrentamento adotado pelas autoridades.

Enquanto a polícia reforça o cerco às facções, o caso Penélope se torna símbolo de uma nova era em que o crime organizado ocupa espaço não apenas nas ruas, mas também nas telas — e influencia comportamentos, narrativas e imaginários coletivos.