Jovem Morre Após Peregrinação de 88 km por Atendimento Médico no Rio de Janeiro

Roberto Farias
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Gabriel de Sales, um jovem de Xerém, na Baixada Fluminense, faleceu às 5h desta quinta-feira (29) no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Internado desde o dia 19 após uma queda da laje de sua casa, ele percorreu 88 km em uma ambulância, passando por cinco hospitais em sete horas, até conseguir atendimento. A Secretaria Municipal de Saúde informou que o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e que Gabriel, que passou por neurocirurgia e esteve em coma induzido, apresentou piora na quarta-feira (28), retornando ao CTI.
A tragédia expôs falhas graves no sistema de saúde. Após o acidente, Gabriel foi atendido na Unidade Pré-Hospitalar de Xerém, onde, segundo sua mãe, Maria dos Santos Bezerra, recebeu bom atendimento inicial, mas foi transferido por falta de equipamentos. Ele passou pelo Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, pelo Hospital Getúlio Vargas, na Penha, pelo Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e pelo Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, onde fez exames, mas não pôde ser internado. Apenas às 23h chegou ao Salgado Filho, onde foi operado.
A Secretaria Estadual de Saúde apontou erros no primeiro atendimento em Xerém, que não acionou a central de regulação para evitar a “peregrinação absurda”. O secretário Sérgio Côrtes destacou que o tomógrafo do Hospital Adão Pereira Nunes estava em manutenção, mas uma ressonância magnética poderia ter sido feita. Ele criticou a falta de solicitação de transferência adequada. Em resposta, a Secretaria de Saúde de Duque de Caxias afirmou que a UPH de Xerém estabilizou Gabriel e o encaminhou ao hospital estadual, que deveria ter acionado a regulação.
As consequências do caso incluíram a exoneração do diretor do Hospital Getúlio Vargas, Luiz Sérgio Verbecaro, e do chefe de plantão do Adão Pereira Nunes, Jocelyn Santos de Oliveira, no dia 21. Uma sindicância foi aberta para investigar divergências nos relatos das equipes. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio esclareceu que o Souza Aguiar estava com a neurocirurgia lotada, atendendo três casos graves, e que não havia solicitação de internação no sistema municipal, já que Gabriel era de outra cidade.
O caso de Gabriel revela a descoordenação entre unidades de saúde e a sobrecarga do sistema, levantando debates sobre a necessidade de melhorias urgentes na regulação de vagas e no atendimento de emergência.

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