Tensão na Síria: Seguidores de Assad Matam Civis Após Discurso Polêmico do Presidente

Roberto Farias
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Na segunda-feira, 22 de agosto, a violência escalou na Síria horas após um discurso do presidente Bashar al-Assad, que rejeitou veementemente os apelos ocidentais por sua renúncia. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pistoleiros leais ao governo, conhecidos como "shabbiha", abriram fogo em Masyaf, no centro do país, durante celebrações das declarações de Assad exibidas na TV. O ataque resultou na morte de duas pessoas e deixou quatro feridos. Os agressores também vandalizaram lojas de opositores do regime, intensificando o clima de repressão.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de 2.000 civis já perderam a vida nos cinco meses de repressão aos protestos pró-democracia que começaram em março. Na semana passada, Estados Unidos e União Europeia intensificaram a pressão, pedindo publicamente a saída de Assad, embora sem propor ações militares. Em resposta, o presidente sírio declarou em entrevista à TV estatal no domingo que não cederá à “pressão externa” de potências que, segundo ele, tentam impor “um presidente fabricado nos EUA”. Assad também alertou que qualquer intervenção militar contra a Síria traria “consequências maiores do que os agressores podem suportar”.
No discurso, o presidente minimizou a crise, afirmando que o governo é capaz de lidar com os “militantes” que, segundo ele, complicaram a segurança nas últimas semanas. Ele reiterou a promessa de realizar eleições parlamentares em fevereiro, após reformas que permitiriam a participação de outros partidos além do Baath, que domina o governo há décadas. No entanto, a oposição vê essas promessas com ceticismo, rejeitando o diálogo nacional proposto por Assad enquanto as forças de segurança continuam matando manifestantes.
Enquanto isso, líderes oposicionistas se reuniram na Turquia para formar um conselho unificado que represente os diferentes grupos contrários ao regime. Wael Merza, um dos participantes, disse à Reuters que as discussões buscam criar um conselho baseado no mérito, com a expectativa de definir uma lista de nomes até o final da semana. A oposição enfrenta o desafio de superar divisões internas para coordenar uma resistência mais eficaz.
O governo sírio, por sua vez, atribui a violência a “grupos armados” e alega que mais de 500 soldados e policiais foram mortos desde o início dos protestos. O conflito, que já dura cinco meses, expõe a profunda polarização no país e a crescente pressão internacional sobre o regime de Assad, enquanto civis continuam pagando o preço mais alto.

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