O Escândalo do Bunker de Agaciel Maia: Segredos e Excessos no Senado de 2009

Roberto Farias
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Em 2009, o Senado Federal foi sacudido por um escândalo que revelou os bastidores de uma gestão marcada por segredos e privilégios. No centro da polêmica estava Agaciel Maia, que por 14 anos comandou a Diretoria-Geral da Casa com mãos de ferro. Além de denúncias de fraudes e atos secretos, uma matéria explosiva da revista Época jogou luz sobre um bunker secreto no Senado, supostamente usado para encontros íntimos e atividades bem distantes das funções públicas.
Um Esconderijo no Coração do Senado
Escondido no Anexo I, o bunker de 130 metros quadrados era um espaço de acesso restrito, com entrada por uma escada secreta que nem no projeto de Oscar Niemeyer aparecia. Equipado com sofás, tapetes vermelhos, banheiro privativo, frigobar, sistema de som e telão, o local parecia mais um lounge de luxo do que uma sala administrativa. Só Agaciel tinha as chaves, e a limpeza era controlada, sugerindo sigilo absoluto.
O que chocou, porém, foram os itens encontrados após sua saída: manchas suspeitas nos sofás, pilhas de lenços de papel, revistas e vídeos eróticos (um deles chamado Tardes Molhadas), e até uma bisnaga de gel lubrificante KY, com validade até dezembro de 2009. A placa na porta, indicando “Comissão Diretora Presidência do Senado”, era só fachada. A entrada passava por uma saleta onde trabalhava Cristiane Tinoco Mendonça, apresentada como secretária de Agaciel, mas com um papel bem mais destacado.
Cristiane: A “Secretária” de Status Elevado
Cristiane, conhecida por sua beleza e presença marcante, era oficialmente telefonista, mas foi alçada a cargo de confiança de diretora na Secretaria de Controle e Execução. Morava em um apartamento funcional do Senado e desfilava em um BMW, estacionado em vagas reservadas a senadores, o que causou estranheza até entre parlamentares como Tasso Jereissati. Nos corredores, sussurrava-se sobre os “despachos das 5 da tarde” entre ela e Agaciel, e a Época apontou o bunker como cenário de encontros íntimos entre os dois, com base nas evidências deixadas no local.
A Queda de um Poderoso
As revelações, publicadas em julho de 2009, vieram em meio a outras acusações contra Agaciel: uma mansão de R$ 5 milhões ocultada em nome do irmão, o deputado João Maia, atos secretos para nomeações e aumentos, e até um cofre misterioso com supostos documentos e dinheiro. Ele deixou a Diretoria-Geral em março de 2009, mas continuou recebendo salário durante uma licença de 90 dias. O então presidente do Senado, José Sarney, aliado próximo e padrinho de casamento da filha de Agaciel, abriu um processo administrativo que poderia culminar em sua demissão.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) ordenou uma sindicância para apurar a construção irregular da escada e o uso do bunker, levantando suspeitas de desvio de recursos públicos. A crise expôs uma rede de influência que Agaciel construiu, beneficiando aliados e mantendo irregularidades sob sigilo.
O Legado do Escândalo
Apesar do furor, Agaciel seguiu carreira política, elegendo-se deputado distrital no DF em 2010 e ocupando cargos no governo local anos depois. Não há registros de punições diretas pelo uso do bunker, e Cristiane desapareceu do noticiário após 2009. O caso, porém, deixou marcas, escancarando a falta de transparência e os privilégios que dominavam o Senado na época.

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