Em uma ação que chocou o Brasil e reverberou internacionalmente, a Polícia Federal (PF) realizou, na manhã de 18 de julho de 2025, uma operação de busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, no bairro Jardim Botânico, em Brasília, e na sede do Partido Liberal (PL). Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a operação apreendeu US$ 14 mil em dólares, R$ 8 mil em reais, um pen drive escondido em um banheiro, um celular, documentos e uma petição contra Moraes, movida pelas plataformas Rumble e Trump Media & Technology Group nos EUA. Inicialmente estimados em US$ 10 mil, os valores em dólares foram revisados após contagem detalhada, segundo fontes da PF
A operação é um desdobramento do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A PF suspeita que Bolsonaro planejava uma fuga terrestre, já que seu passaporte foi confiscado em fevereiro de 2024, e que o dinheiro apreendido seria usado para esse fim. Além disso, o ex-presidente foi submetido a medidas cautelares drásticas: uso de tornozeleira eletrônica, proibição de acessar redes sociais, recolhimento noturno (das 19h às 7h) e nos fins de semana, além de restrições de contato com outros investigados, como seu filho Eduardo Bolsonaro, atualmente nos EUA, e proibição de se aproximar de embaixadas.
Bolsonaro Sob Pressão e Polarização no Brasil
Bolsonaro, que estava em casa durante a operação, foi levado à Superintendência da PF para a instalação da tornozeleira, que classificou como uma “humilhação sem precedentes”. Em declaração à imprensa, negou qualquer intenção de fuga, afirmando: “Nunca pensei em deixar o Brasil ou me esconder em embaixadas. Isso é uma narrativa absurda.” Sua defesa, representada pelo advogado Celso Vilardi, criticou a operação como “desproporcional” e prometeu recorrer das medidas no STF.
O PL, partido de Bolsonaro, emitiu nota chamando a ação de “arbitrária” e questionando sua legalidade. Parlamentares aliados, como Flávio Bolsonaro e Romeu Zema, governador de Minas Gerais, acusaram o STF de perseguição política. Eduardo Bolsonaro, em postagem no X, sugeriu que a operação seria uma retaliação por um vídeo recente de seu pai direcionado a Donald Trump, pedindo apoio contra o Judiciário brasileiro.
No campo oposto, apoiadores do governo Lula celebraram a ação. O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes, afirmou que “a justiça está sendo feita contra quem tentou subverter a democracia”. A polarização política se intensifica, com o STF acelerando o julgamento da Ação Penal nº 2.668, que apura a trama golpista, para evitar impactos nas eleições de 2026, nas quais Bolsonaro está inelegível.
Tensões Internacionais: Trump Entra em Cena
A operação ocorre em um momento de crescente tensão entre Brasil e Estados Unidos, alimentada pela relação entre Bolsonaro e Donald Trump. Em 9 de julho de 2025, Trump anunciou tarifas de 50% sobre importações brasileiras, como café e produtos da aviação, citando, entre outros motivos, o que chama de “perseguição” contra seu aliado. Em carta publicada no Truth Social em 17 de julho, Trump classificou o processo contra Bolsonaro como uma “farsa judicial” e prometeu monitorar o caso, ameaçando sanções adicionais, como restrições financeiras a autoridades brasileiras.
Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA desde março, intensificou a retórica, pedindo sanções contra Alexandre de Moraes, a quem acusa de violar direitos humanos. Uma comitiva liderada por Jamieson Greer, representante comercial de Trump, deve chegar ao Brasil nos próximos dias, aumentando especulações sobre reuniões com opositores do governo Lula. No entanto, a embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, reforçou que os EUA respeitam a soberania judicial de outros países, tentando conter uma escalada diplomática.
Impactos Econômicos e Eleitorais
As tarifas impostas por Trump já geram reflexos no Brasil, com setores como café e aviação enfrentando perdas significativas. Mesmo entre apoiadores de Bolsonaro, há críticas às sanções, vistas como prejudiciais à economia brasileira. Lula, em pronunciamento, chamou as tarifas de “chantagem inaceitável” e prometeu retaliar, enquanto busca diálogo com Washington para reverter a medida.
No cenário político, a operação da PF reforça a narrativa de vitimização de Bolsonaro, que pode ser explorada por seus aliados nas eleições de 2026. O STF, por sua vez, planeja concluir o julgamento da suposta trama golpista ainda em 2025, com a análise do pen drive e do celular de Bolsonaro podendo trazer novos elementos à investigação. Juristas alertam que o descumprimento das medidas cautelares pode levar à prisão preventiva do ex-presidente.
O Que Vem Pela Frente
A Primeira Turma do STF deve analisar as medidas contra Bolsonaro até 21 de julho de 2025, em sessão virtual. A perícia do pen drive e do celular apreendidos será crucial para esclarecer as suspeitas de obstrução à Justiça e coação, incluindo a tentativa de influenciar sanções americanas contra o Brasil. A imprensa internacional, como The New York Times e Reuters, destaca a operação, com foco na tornozeleira eletrônica e nas tensões com os EUA, que colocam o Brasil no centro de um debate global.
O caso Bolsonaro não apenas redefine o cenário político interno, mas também testa os limites das relações Brasil-EUA. Com a polarização em alta e as sanções americanas pressionando a economia, o futuro político do Brasil e sua posição no cenário global permanecem incertos.
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