Em 2009, um golpe sofisticado descoberto em São Paulo revelou a exploração de carros apreendidos pela Polícia Federal (PF) para obtenção de financiamentos bancários fraudulentos. A operação criminosa, desmantelada em maio daquele ano, utilizava veículos confiscados em uma ação contra doleiros, realizada em 2007, como garantia para empréstimos que nunca eram quitados, causando prejuízos a bancos e proprietários originais.
A fraude se aproveitava de falhas na comunicação entre a PF, a Justiça Federal e o Detran. Após as apreensões, o registro de bloqueio dos veículos no sistema do Detran demorava, permitindo que golpistas forjassem documentos e negociassem os carros como se fossem proprietários legítimos. Um caso marcante envolveu uma mulher que, ao tentar vender seu veículo, descobriu que ele já havia sido "vendido" um ano antes, apesar de estar sob custódia da PF. Outro proprietário foi surpreendido ao saber que seu carro "não lhe pertencia mais".
As investigações, iniciadas dois meses antes da denúncia, identificaram pelo menos sete veículos apreendidos envolvidos no esquema. Um dos suspeitos, Jonathan Lopes Cunha, foi apontado como responsável pela falsificação de documentos, mas negou qualquer vínculo com a PF ou conhecimento sobre a origem dos carros. Outro investigado, o agente da PF James Pontes da Silva, teria facilitado o acesso aos veículos no pátio, recebendo uma porcentagem dos valores obtidos nos financiamentos, conforme indicado pela procuradora Anamara Osório. Até então, os principais responsáveis pelo golpe permaneciam foragidos.
A PF abriu um inquérito para apurar a venda ilegal dos veículos, e a Justiça Federal prometeu agilizar o bloqueio de bens apreendidos no sistema do Detran para evitar novos casos. O esquema expôs fragilidades na gestão de bens sob custódia policial e levantou alertas sobre a necessidade de maior rigor nos processos judiciais e administrativos.
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