Moldávia sob Pressão: Rússia Acusada de Sabotar Eleições com Ameaças Falsas em Seis Países

TimeCras
Roberto Farias
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No dia 28 de setembro de 2025, enquanto a Moldávia conduz suas eleições parlamentares, uma onda de ameaças falsas de bomba abalou seções eleitorais no exterior, em cidades como Bruxelas, Roma, Gênova, Bucareste, Asheville e Alicante. O Ministério das Relações Exteriores da Moldávia apontou o dedo diretamente para a Rússia, acusando-a de orquestrar uma campanha de desestabilização para minar o processo democrático do país. Esses incidentes, que forçaram evacuações temporárias, são vistos como parte de uma estratégia mais ampla de interferência, em um momento crucial para o futuro geopolítico da nação, que oscila entre a integração à União Europeia e a influência histórica de Moscou.


Ameaças Falsas e o Impacto no Voto


As eleições parlamentares de hoje são um divisor de águas para a Moldávia, um pequeno país entre a Romênia e a Ucrânia, com uma população de cerca de 2,6 milhões e uma diáspora significativa. A presidente Maia Sandu, líder do partido pró-UE Ação e Solidariedade (PAS), depende do voto dos moldavos no exterior – cerca de 15% do eleitorado – para consolidar a trajetória rumo à adesão à UE, iniciada com o status de candidata em 2022. No entanto, as ameaças de bomba em seis seções eleitorais no exterior, reportadas em tempo real, visaram justamente essas comunidades:


- **Bruxelas, Bélgica**: Um e-mail anônimo levou à evacuação de uma seção com milhares de eleitores, atrasando o voto por duas horas.

- **Roma e Gênova, Itália**: Chamadas suspeitas impactaram locais com grande presença de trabalhadores moldavos, mas a votação foi retomada após verificações.

- **Bucareste, Romênia**: A maior seção no exterior, com mais de 10.000 eleitores registrados, enfrentou ameaças via aplicativos de mensagens.

- **Asheville, EUA**: Uma pequena comunidade moldava na Carolina do Norte foi alvo de um alerta falso, monitorado pelo FBI.

- **Alicante, Espanha**: Ameaças por telefone interromperam temporariamente o voto de expatriados e turistas.


As autoridades moldavas, preparadas para tais táticas, trabalharam com parceiros internacionais para garantir a continuidade do processo. Até o momento, mais de 132.000 votos da diáspora foram registrados, superando o limiar de comparecimento necessário para validar as seções no exterior.


O Papel da Rússia na Interferência


O governo moldavo classificou as ameaças como parte de uma campanha russa de €300 milhões para manipular as eleições. Além das falsas ameaças de bomba, a interferência inclui compra de votos via criptomoedas, desinformação em redes sociais por meio de bots (como a rede "Matryoshka") e até a mobilização de clérigos ortodoxos para espalhar narrativas anti-UE. Um ciberataque também derrubou 4.000 sites ligados à Comissão Eleitoral Central no início do dia, reforçando suspeitas de uma operação coordenada.


A Moldávia é um ponto estratégico no xadrez geopolítico. A região separatista da Transnístria, controlada por forças russas desde 1992, serve como base para operações de influência. A Rússia, que nega as acusações, considera a guinada pró-UE de Sandu uma ameaça direta, especialmente após a invasão da Ucrânia em 2022, que isolou Moscou economicamente e intensificou sua dependência de aliados regionais.


Um Teste para a Democracia Moldava


Esses incidentes ecoam tentativas anteriores de sabotagem, como as de 2024, quando russos foram transportados para votar em Minsk sob pretextos falsos. Apesar disso, a Moldávia mantém sua resiliência, com o governo reforçando a segurança e a UE prometendo €2 bilhões em apoio econômico. Uma vitória do PAS pode acelerar a integração europeia, mas uma ascensão de partidos pró-Rússia, como o Bloco da Alternativa, poderia reacender a instabilidade, com protestos já sendo planejados por grupos financiados por Moscou.


O que está em jogo é mais do que uma eleição: é a direção de um país dividido entre o Ocidente e o passado soviético. As próximas horas, à medida que os resultados emergem, serão cruciais para determinar se a Moldávia conseguirá resistir às pressões externas e internas.


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