Brasília — A recente intensificação das relações militares entre Rússia e Venezuela reacende preocupações estratégicas na América do Sul. Após a inauguração de uma fábrica de munições com capacidade para produzir até 70 milhões de cartuchos por ano e planos para fabricação local de fuzis AK-47, especialistas apontam possíveis implicações para países vizinhos — especialmente o Brasil.
A parceria foi oficializada por meio de acordos entre empresas estatais russas e o governo de Nicolás Maduro, que há décadas mantém vínculos estreitos com Moscou. O projeto, considerado pelo Kremlin como parte da “coerência multipolar”, coloca a Venezuela como um dos principais aliados militares da Rússia no hemisfério ocidental.
Fontes ligadas ao Ministério da Defesa brasileiro avaliam com cautela o impacto regional da nova estrutura armamentista. A principal preocupação é a segurança na fronteira norte, que pode sofrer pressão adicional em cenários de instabilidade venezuelana ou movimentação de grupos armados.
Além do aspecto geopolítico, há risco de aumento do tráfico transfronteiriço de armas e narcóticos. A militarização venezuelana também reforça o dilema diplomático do Brasil, que tenta manter equilíbrio entre suas relações com os EUA, os membros do BRICS e a própria Venezuela — cuja entrada no grupo foi recentemente vetada por Brasília, gerando atrito entre os governos.
Especialistas apontam que o novo cenário pode exigir do Brasil não apenas atenção militar, mas também reposicionamento estratégico no tabuleiro internacional. “A presença russa na América do Sul não é inédita, mas este nível de envolvimento militar é”, afirma um analista ouvido pela reportagem.
A aproximação entre Caracas e Moscou ocorre em meio a uma série de crises globais e pode representar mais um desafio à segurança e estabilidade regional.
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