Desertora Norte-Coreana Abre Processo Histórico Contra Kim Jong-un por Tortura e Violência Sexual

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Em um movimento sem precedentes, Choi Min-kyung, uma desertora norte-coreana de 53 anos, deu início a uma batalha judicial contra o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e outros quatro altos funcionários do regime. O processo, apresentado em 11 de julho de 2025, no Tribunal Distrital Central de Seul, na Coreia do Sul, acusa o regime de crimes contra a humanidade, incluindo tortura, violência sexual, trabalhos forçados e agressões físicas sofridos por Choi durante sua detenção em 2008. Este é o primeiro caso em que uma cidadã nascida na Coreia do Norte busca responsabilizar judicialmente o regime de Pyongyang por violações de direitos humanos, marcando um momento histórico na luta por justiça.

Choi fugiu da Coreia do Norte em 1997, cruzando a fronteira com a China, mas foi capturada e repatriada à força em 2008. Durante cinco meses, ela foi mantida em três centros de detenção na província de Hamgyong do Norte, onde relata ter sofrido abusos graves, incluindo violência sexual, espancamentos, posições de estresse prolongadas por mais de 15 horas diárias, trabalho forçado, privação de comida e falta de assistência médica. “Meu corpo inteiro ainda testemunha a terrível situação dos direitos humanos na Coreia do Norte”, declarou Choi, que hoje vive na Coreia do Sul desde sua segunda fuga, em 2012, e sofre de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), dependendo de medicamentos para lidar com os traumas.

A ação, apoiada pelo Centro de Banco de Dados para Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKDB), é tanto civil quanto criminal, buscando uma indenização de 50 milhões de wons (cerca de 31 mil euros) e a investigação de crimes contra a humanidade. Representada por Lee Young-hyun, o primeiro advogado norte-coreano a atuar na Coreia do Sul, Choi também planeja levar o caso à ONU e ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Segundo Hanna Song, diretora-executiva da NKDB, o processo é um marco por combinar acusações cíveis e criminais, algo inédito contra o regime norte-coreano, que historicamente ignora decisões judiciais estrangeiras. Apesar disso, o impacto psicológico do reconhecimento oficial dos abusos é significativo para as vítimas.

O caso de Choi expõe as violações sistemáticas documentadas por organizações internacionais, como o relatório da ONU de 2014, que revelou a existência de 80 a 120 mil prisioneiros em campos de detenção norte-coreanos, submetidos a condições desumanas. A iniciativa de Choi pode abrir caminho para ações coletivas futuras, inspirando outros sobreviventes a buscar justiça contra um dos regimes mais opacos e repressivos do mundo. “Desejo que esse pequeno passo se torne uma pedra fundamental para a restauração da liberdade e da dignidade humana”, afirmou Choi, reforçando sua determinação em enfrentar a dinastia Kim.

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