A Polícia Federal (PF) segue aprofundando as investigações sobre um esquema de corrupção no Superior Tribunal de Justiça (STJ), conhecido como Operação Sisamnes, que apura a venda de sentenças e vazamento de informações sigilosas. Até 27 de maio de 2025, a PF identificou novas evidências de movimentações financeiras suspeitas envolvendo assessores do tribunal. A operação, que já está na sua sexta fase, revelou uma complexa rede de lavagem de dinheiro usada para ocultar propinas destinadas a influenciar decisões judiciais.
Um relatório recente da PF, publicado em 26 de maio de 2025, apontou "discrepâncias significativas" nas movimentações bancárias de assessores que atuavam com ministros do STJ. As investigações indicam que o advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 em Cuiabá, e o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso na primeira fase da operação em novembro de 2024, coordenavam o esquema. Mensagens encontradas no celular de Zampieri, analisadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sugerem entregas de dinheiro em espécie a Márcio Toledo Pinto, assessor que trabalhou nos gabinetes das ministras Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. A PF identificou transferências de aproximadamente R$ 4 milhões de uma empresa ligada a Andreson para uma companhia associada à esposa de Toledo Pinto, reforçando suspeitas de corrupção ativa e passiva.
A sexta fase da Operação Sisamnes, deflagrada em 14 de maio de 2025, mirou dois suspeitos de obstrução de justiça, com indícios de destruição de provas após buscas realizadas na véspera, na quinta fase. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal, autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin. A PF também sequestrou R$ 20 milhões em bens, incluindo itens de luxo como carros Porsche, e reteve passaportes dos investigados para evitar fugas.
O esquema envolvia uma rede financeira-empresarial criada para dissimular a origem ilícita das propinas, utilizando métodos como boletos falsos, operações de câmbio clandestino e doleiros. Além disso, a PF descobriu uma rede clandestina de monitoramento que rastreava informações sigilosas de investigações no STJ, comprometendo operações policiais. Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.
Além de Andreson e Zampieri, a operação revelou a participação de advogados, empresários e servidores públicos. Um desdobramento, em março de 2025, levou à prisão do advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, o que resultou na queda do secretário de Cidadania e Justiça do estado, Deusiano Pereira de Amorim.
O STJ informou que nenhum ministro está sob investigação e que colabora com a PF, mas o sigilo do processo limita informações detalhadas. A operação, cujo nome remete a um juiz persa da mitologia que aceitava subornos, expõe fragilidades no sistema judicial e reacende debates sobre a necessidade de reformas para coibir a corrupção no Judiciário.
Não deixe de comentar !!!!!!