Pedido de Investigação Após Suposta Pressão de Lula Sobre Gilmar Mendes no Caso Mensalão

Roberto Farias
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Um novo capítulo de tensão política veio à tona em 2012, reacendendo debates sobre o julgamento do mensalão e as relações entre poderes no Brasil. A liderança do PSDB na Câmara dos Deputados anunciou que parlamentares do partido se reunirão na tarde desta segunda-feira, 28 de maio, para elaborar um pedido de investigação à Procuradoria-Geral da República. O foco é uma suposta conversa em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria pressionado o ministro do STF, Gilmar Mendes, a adiar o julgamento do mensalão, escândalo que envolveu a alegada compra de apoio político durante o governo Lula.
A denúncia partiu de uma reportagem da revista Veja, publicada no fim de semana, que detalha um encontro em 26 de abril, no escritório de advocacia de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-presidente do Supremo. Segundo a revista, Lula sugeriu a Mendes o adiamento do julgamento do mensalão, marcado para avaliar as condutas de 38 réus, em troca de proteção na CPI do Cachoeira, que investiga as ligações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e autoridades. “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, declarou Mendes, conforme reproduzido pela publicação. Lula teria dito que o julgamento seria “inconveniente” no momento e insinuado controle sobre a CPI para blindar o ministro de eventuais apurações.
A assessoria do Instituto Lula informou que o ex-presidente não comentará a reportagem. Enquanto isso, o PSDB, ao lado de parlamentares do DEM, planeja formalizar o pedido de investigação, cobrando esclarecimentos sobre a conduta relatada. O STF, por sua vez, prepara o julgamento do mensalão, com Gilmar Mendes defendendo a realização ainda neste semestre. A data, porém, depende do ministro Ricardo Lewandowski, que revisa o relatório elaborado por Joaquim Barbosa.
A reportagem da Veja também menciona uma troca sobre uma suposta viagem de Mendes a Berlim com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), alvo de processo no Senado por ligações com Cachoeira, preso em fevereiro pela PF por chefiar uma quadrilha de jogo ilegal em Goiás. Lula teria questionado a viagem, sugerindo que as despesas foram pagas por Cachoeira. “Vou a Berlim como você vai a São Bernardo. Minha filha mora lá”, rebateu Mendes, afirmando à revista que arcou com os próprios custos e pode provar a origem do dinheiro.
O caso alimenta polêmicas sobre pressões políticas, a independência do Judiciário e a condução da CPI do Cachoeira. Enquanto partidos de oposição buscam respostas, a sociedade acompanha, atenta, os desdobramentos dessa trama que une escândalos passados e presentes, testando os limites da democracia brasileira.

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