Ex-Funcionário Expõe Práticas Alarmantes em Clínica de Roger Abdelmassih

Roberto Farias
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Em 2009, Paulo Henrique Ferraz Bastos, ex-colaborador do médico especialista em reprodução assistida Roger Abdelmassih, revelou detalhes perturbadores sobre atividades nos laboratórios da clínica, situada na Avenida Brasil, em São Paulo. Em entrevista à TV Globo, Ferraz denunciou a realização de "pesquisas controversas", incluindo manipulações genéticas antiéticas. Ele alegou que óvulos e espermatozoides eram utilizados sem controles rigorosos, levantando dúvidas sobre a paternidade biológica de muitos dos cerca de 8 mil bebês nascidos por meio dos procedimentos da clínica.
As declarações de Ferraz, engenheiro químico que visitava a clínica regularmente, foram fundamentais para as investigações conduzidas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de São Paulo. Em entrevista à revista Época, ele relatou o transporte de materiais como soro fetal bovino e camundongos do biotério da USP para experimentos voltados ao chamado "baby design" – seleção genética de embriões para atender preferências específicas dos clientes. Segundo Ferraz, essas práticas tratavam bebês como "produtos", desafiando normas éticas. Ele também criou o site Ética na Ciência (www.eticanaciencia.org) (www.eticanaciencia.org) para denunciar abusos na comunidade científica.
Ao mesmo tempo, Roger Abdelmassih enfrentava graves acusações criminais. Em agosto de 2009, o médico, então com 65 anos, foi preso preventivamente, acusado de 56 estupros contra 39 ex-pacientes, entre 1995 e 2008, em sua clínica de fertilização. As vítimas, muitas sob efeito de sedativos durante procedimentos, relataram abusos como beijos forçados, toques indevidos e, em alguns casos, violência sexual completa. Abdelmassih negava os crimes, atribuindo as denúncias a alucinações causadas pelo anestésico propofol ou a uma conspiração de clientes insatisfeitos e concorrentes.
Apesar da prisão, Abdelmassih foi solto em dezembro de 2009 por um habeas corpus concedido pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Em novembro de 2010, ele foi condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros e quatro tentativas, embora a legislação brasileira limite a pena a 30 anos. Foragido a partir de 2011, ele foi recapturado em 2014, no Paraguai, após viver com identidade falsa.
As denúncias de Ferraz, somadas às acusações de abuso, expuseram um escândalo que abalou a medicina brasileira, manchando a reputação de um dos maiores nomes da fertilização in vitro, conhecido por atender figuras públicas como Pelé, Gugu Liberato e Fernando Collor.

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