Conflito entre Tailândia e Camboja continua apesar de anúncio de cessar-fogo feito por Trump

TimeCras
Roberto Farias
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Bangcoc/Phnom Penh, 13 de dezembro de 2025 — A tensão na fronteira entre Tailândia e Camboja voltou a escalar neste sábado, mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar publicamente que os dois países haviam concordado com um cessar-fogo imediato. Horas depois do anúncio, novos confrontos e ataques aéreos foram registrados na região.


O Ministério da Defesa do Camboja denunciou que dois caças F‑16 tailandeses lançaram sete bombas contra alvos em território cambojano, atingindo inclusive estruturas civis, como hotéis e cassinos na área de Thmor Da, província de Pursat. Imagens divulgadas por Phnom Penh mostram prédios destruídos e pontes danificadas, reforçando a acusação de que áreas com presença de civis foram atingidas.


Do lado tailandês, o primeiro-ministro interino Anutin Charnvirakul negou que exista qualquer acordo de trégua. Segundo ele, as operações militares continuarão “enquanto houver riscos à segurança nacional”. O governo de Bangcoc também relatou ferimentos em civis tailandeses após foguetes disparados a partir do território cambojano.


Os combates, que voltaram a ganhar força no início de dezembro após o colapso de uma trégua mediada por Trump em outubro, já deixaram dezenas de mortos — entre militares e civis — e provocaram o deslocamento de mais de meio milhão de pessoas ao longo da fronteira de 817 km. Fontes tailandesas relatam a morte de 15 soldados desde segunda-feira, enquanto o Camboja confirma ao menos 11 civis mortos e dezenas de feridos.


A disputa territorial tem raízes históricas profundas, marcadas por decisões coloniais francesas e pela polêmica definição de fronteiras. O Templo de Preah Vihear, reconhecido como cambojano pela Corte Internacional de Justiça em 1962, continua sendo um dos principais pontos de atrito. Regiões como Ta Muen Thom e o chamado Triângulo Esmeralda também permanecem altamente sensíveis, com acusações mútuas de uso de minas terrestres e artilharia pesada.


Trump afirmou em sua rede social que conversou com Anutin e com o primeiro-ministro cambojano Hun Manet, garantindo que ambos teriam concordado em “cessar todos os disparos imediatamente”. No entanto, tanto Bangcoc quanto Phnom Penh minimizaram a declaração, alegando que a mensagem do presidente americano não condiz com a realidade no terreno.


Organizações internacionais demonstraram preocupação crescente. A UNESCO alertou para possíveis danos ao Templo de Preah Vihear, patrimônio mundial. A ASEAN, sob liderança da Malásia, e a ONU pediram contenção e retomada do diálogo, mas as negociações seguem paralisadas.


Especialistas da região apontam que o forte nacionalismo interno em ambos os países dificulta qualquer avanço diplomático. Enquanto isso, o impacto humanitário se agrava: campos de refugiados superlotados, economias locais paralisadas e relatos de exaustão entre civis deslocados. Uma idosa cambojana, abrigada em um centro improvisado, resumiu o sentimento de muitos: “Já fugi de tantas guerras; só quero paz para voltar para casa.”


Por ora, não há sinais de redução da violência, e a comunidade internacional acompanha com preocupação o risco de um conflito prolongado no Sudeste Asiático.


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