Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha revelou um dado surpreendente: 57% dos moradores da capital e da região metropolitana do Rio de Janeiro consideram um sucesso a operação policial mais letal já registrada no estado, que resultou em pelo menos 121 mortes.
Realizada nos dias 30 e 31 de outubro de 2025, a pesquisa ouviu 626 eleitores e mostrou que a maioria concorda, total ou parcialmente, com a declaração do governador Cláudio Castro (PL), que classificou a ação como bem-sucedida. Por outro lado, 39% discordam da afirmação, enquanto 3% se mantêm neutros e 2% não souberam opinar.
A operação, que teve como alvo o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, gerou forte repercussão nacional e internacional. Moradores relataram cenas de corpos sendo retirados de áreas de mata e levados para ruas próximas, o que intensificou o debate sobre o uso da força e os limites da atuação policial.
O apoio à operação varia significativamente entre os perfis dos entrevistados. Homens demonstraram maior concordância (67%) em comparação às mulheres (47%). Já entre os jovens de 16 a 24 anos, a rejeição foi predominante: 59% discordam da ação. A classe média, com renda entre cinco e dez salários mínimos, também apresentou maior índice de desaprovação (49%).
Além da polarização social, a operação reacendeu tensões políticas entre o governo estadual e o federal, com críticas sobre a condução da segurança pública e o impacto nas comunidades periféricas. O número elevado de mortes e a forma como a operação foi conduzida levantam questões sobre direitos humanos, eficácia das ações repressivas e o papel do Estado na proteção dos cidadãos.
A pesquisa do Datafolha mostra que, apesar da controvérsia, uma parcela significativa da população vê na força policial uma resposta necessária diante da escalada da violência. Mas também evidencia que o debate sobre segurança pública no Brasil está longe de ser consensual — e que a linha entre sucesso e tragédia continua tênue.
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