Em uma operação ousada na manhã de 5 de junho de 2025, a Polícia Civil do Rio de Janeiro invadiu o Complexo do Parque Floresta, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com um alvo claro: Éverton Alan Soares Conceição, conhecido como “Popeye”, “Eto” ou “Calvin”. Considerado o “herdeiro” de Orlando da Conceição, o lendário Orlando Jogador, um dos fundadores do Comando Vermelho (CV), Popeye é acusado de comandar o tráfico de drogas e espalhar o terror em comunidades locais. Apesar da prisão de sete criminosos, o líder permanece foragido, intensificando a guerra contra o crime na região.
Quem é Popeye?
Aos 38 anos, Éverton assumiu o legado de seu pai, Orlando Jogador, assassinado em 1994, e se tornou uma figura central do CV em Belford Roxo. Ele é apontado como o chefe do tráfico nas comunidades de Santa Marta, Vila Pauline, Caixa d’Água e Parque Floresta. Armado com fuzis e granadas, Popeye lidera com mão de ferro, ordenando execuções, instalando barricadas para bloquear acessos e extorquindo moradores com taxas ilegais. Sua ousadia ficou evidente em 2022, quando celebrou seu aniversário de 35 anos com um baile funk na Caixa d’Água, marcado por rajadas de tiros sincronizadas com a música, um desafio aberto às autoridades.
O prefeito Márcio Canella respondeu ao vídeo viral com um recado direto nas redes sociais: “Aqui quem manda sou eu”. Ele espalhou cartazes com a foto de Popeye, incentivando denúncias anônimas, o que elevou a pressão sobre o traficante. Popeye também é investigado pelo assassinato de um policial, reforçando sua fama de implacável.
A Operação Policial
Liderada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a operação no Complexo do Parque Floresta visou desarticular a cúpula do CV na região. Além de Popeye, outros três líderes do tráfico eram alvos, mas apenas sete comparsas foram presos até agora. A ação buscou cumprir mandados de prisão e apreensão, além de desmontar barricadas que restringem a circulação de moradores, uma tática do CV para manter o controle territorial. A polícia descreve o grupo como altamente violento, usando armas pesadas para impor domínio e enfrentar rivais, como milícias e o Terceiro Comando Puro (TCP).
A Guerra na Baixada Fluminense
Belford Roxo vive um cenário de tensão, com o CV disputando territórios contra milícias e outras facções. Confrontos recentes, como tiroteios no Morro do Castro e Gogó da Ema em dezembro de 2024, mostram a intensidade do conflito. A violência na região tem raízes profundas: em 2020, o assassinato de três crianças pelo CV, após o suposto roubo de uma gaiola, chocou o país. Um cemitério clandestino descoberto em abril de 2025 revelou como a facção oculta seus crimes, dificultando investigações.
Enquanto o CV, liderado por figuras como Popeye e Edgar Alves de Andrade (“Doca”), domina áreas como Caixa d’Água e Castelar, milícias controlam bairros como Babi e Sargento Roncalli, cobrando taxas via Pix e até interferindo em escolhas eleitorais. Essa disputa transforma Belford Roxo em um campo de batalha, onde a população vive refém do crime.
Desafios e Impacto
A caçada a Popeye é mais do que uma operação policial: é um esforço para enfraquecer uma das facções mais poderosas do Rio. No entanto, a fuga do traficante e a complexidade das comunidades barricadas mostram os desafios enfrentados pela polícia. A prisão de outros líderes do CV, como Ronaldo Gonçalves de Jesus (“Paulista”) em abril de 2025, indica que as autoridades estão mapeando a rede criminosa, mas a captura de Popeye seria um golpe simbólico e estratégico.
A operação reflete a luta do Estado contra o crime organizado em um contexto de violência sistêmica. A capacidade do CV de substituir lideranças e manter o controle territorial exige ações contínuas e coordenadas, enquanto a população de Belford Roxo aguarda alívio em meio ao conflito.
Um Alerta para o Futuro
A busca por Popeye expõe a resiliência do Comando Vermelho e a dificuldade de desmantelar redes criminosas profundamente enraizadas. A operação em Belford Roxo é um capítulo de uma guerra maior, que exige não apenas força policial, mas também políticas públicas para romper o ciclo de violência e pobreza que alimenta o crime.
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