Na manhã de 29 de maio de 2025, Marlon Brandon Coelho Couto, conhecido artisticamente como MC Poze do Rodo, foi preso em uma operação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A prisão ocorreu em sua residência, situada em um condomínio de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste da cidade. O cantor, de 26 anos, é investigado por apologia ao crime e associação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), uma das maiores organizações do tráfico de drogas no estado.
Detalhes da Investigação
A operação que culminou na prisão de MC Poze do Rodo é parte de uma investigação mais ampla da Polícia Civil, que aponta para uma relação estreita entre o artista e membros da cúpula do Comando Vermelho. Segundo as autoridades, os shows do cantor eram realizados exclusivamente em comunidades dominadas pela facção, como o Complexo do Alemão e a Cidade de Deus. Esses eventos contavam com a presença ostensiva de traficantes armados, inclusive com fuzis, que garantiam a “segurança” do artista e dos participantes. A polícia alega que tais apresentações eram usadas para ampliar a influência do CV nas comunidades, além de gerar lucros ilícitos com a venda de drogas durante os eventos.
As letras das músicas de Poze também estão no centro das acusações. Versos que fazem referência explícita ao Comando Vermelho, como “Respeita o CV”, são considerados pela polícia como “clara apologia ao tráfico”. Um exemplo recente que intensificou as investigações foi um show na Cidade de Deus, realizado em 17 de maio de 2025, poucas horas antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação na mesma comunidade. Vídeos do evento, que circularam nas redes sociais, mostram homens armados durante a apresentação, o que levou a Polícia Civil a abrir um inquérito específico para investigar o caso.
Contexto da Prisão
A prisão de MC Poze é temporária, com duração inicial de cinco dias, podendo ser prorrogada ou convertida em preventiva, dependendo do andamento das investigações. Durante a operação, os agentes realizaram buscas na residência do cantor, mas não há detalhes públicos sobre itens apreendidos na ação. A DRE afirma que Poze integra a estrutura do Comando Vermelho, atuando como uma figura de destaque em eventos que reforçam o poder da facção.
Histórico de Polêmicas
Esta não é a primeira vez que MC Poze do Rodo enfrenta problemas com a justiça. Em novembro de 2024, ele e sua esposa, a influenciadora Viviane Noronha, foram alvos da Operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais promovidos nas redes sociais. Na ocasião, a Polícia Civil apreendeu carros de luxo, joias e outros bens do casal, suspeitos de serem adquiridos com recursos de um aplicativo fraudulento que simulava sorteios. Em abril de 2025, a Justiça determinou a devolução desses itens, o que Poze celebrou nas redes sociais.
Além disso, o cantor já admitiu publicamente ter atuado no tráfico de drogas na favela do Rodo, em Santa Cruz, entre 2015 e 2016, quando era adolescente. Ele afirmou ter abandonado essa vida após o nascimento de sua filha mais velha, buscando na música uma forma de sustento e expressão. Suas letras frequentemente abordam a violência enfrentada por jovens nas favelas, mas também são criticadas por glorificar o crime, o que intensifica as suspeitas das autoridades.
Repercussão e Contexto
A prisão de MC Poze do Rodo gerou grande repercussão nas redes sociais, com posts relatando a operação logo nas primeiras horas da manhã. A ação ocorre em um momento de intensificação das operações policiais contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Nos últimos meses, a facção tem expandido seu controle territorial, especialmente na zona oeste, em detrimento de milícias locais. Operações recentes, como a que resultou na morte do traficante Thiago da Silva Folly, líder do Terceiro Comando Puro (TCP), no Complexo da Maré, em 13 de maio de 2025, mostram o esforço da polícia em desarticular essas organizações.
A Polícia Civil, por meio do secretário Felipe Curi, reforçou que as ações visam desmontar a logística financeira e operacional do crime organizado, incluindo o fornecimento de armas e drogas. A prisão de Poze é vista como parte dessa estratégia, que busca não apenas combater o tráfico, mas também coibir a influência cultural de figuras públicas associadas a facções.
O Que Vem a Seguir?
A investigação sobre MC Poze do Rodo segue em andamento, e a Polícia Civil ainda não divulgou se outros alvos foram detidos na mesma operação. A assessoria do cantor não se pronunciou oficialmente até o momento, conforme relatado por alguns veículos de imprensa. O caso levanta debates sobre a relação entre o funk, a cultura das favelas e o crime organizado, além de questões sobre liberdade de expressão e a criminalização de artistas.
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