O Dia em que o Céu de Chelyabinsk Brilhou Mais que o Sol

Roberto Farias
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Em uma manhã gelada de 15 de fevereiro de 2013, a pacata região de Chelyabinsk, nos Montes Urais da Rússia, foi palco de um evento que ecoou pelo mundo. Um meteorito cortou o céu, transformando a escuridão em um clarão ofuscante, tão intenso que superou a luz do Sol. O rastro luminoso, visível a 200 km de distância, até Yekaterinburgo, marcou a chegada de um visitante cósmico inesperado.
A explosão, a 30-50 km de altitude, liberou uma energia comparável a algumas toneladas de TNT. A onda de choque que se seguiu estilhaçou janelas, sacudiu prédios e deixou 514 pessoas feridas, incluindo 82 crianças, segundo autoridades russas. Vidros quebrados foram os principais vilões, levando 112 pessoas a hospitais. Felizmente, ninguém perdeu a vida. “Estava indo trabalhar quando a noite virou dia”, contou Viktor Prokofiev, um morador local de 36 anos. “Fui cegado por alguns segundos”, acrescentou, ainda atônito.
O impacto reverberou pela cidade, a 1.500 km de Moscou. Alarmes de carros dispararam, sinais de celular falharam e uma fábrica de zinco foi danificada. Centenas de edifícios sofreram estragos, mas o evento também ganhou vida nas telas: câmeras de segurança e vídeos de moradores capturaram o momento, tornando-o um dos fenômenos celestiais mais registrados da história.
Cientistas da Academia Russa de Ciências estimaram que o meteorito, um condrito com vestígios de ferro, pesava cerca de 10 toneladas e entrou na atmosfera a impressionantes 54.000 km/h. Fragmentos foram encontrados próximos ao lago Chebarkul, onde um pedaço maior deixou um buraco de 8 metros no gelo. Curiosamente, no mesmo dia, o asteroide 2012 DA14 passou a 27.700 km da Terra, mas experts descartaram qualquer conexão, apontando trajetórias distintas.
O presidente Vladimir Putin, que recebia líderes do G20 em Moscou, agiu rápido, mobilizando milhares de trabalhadores para reparar os danos. Escolas foram fechadas por segurança, e a vida na cidade parou para absorver o ocorrido. Enquanto isso, um mercado peculiar surgiu: pedaços do meteorito, muitos duvidosos, eram vendidos a preços que rivalizavam o ouro.
Para a ciência, o meteoro de Chelyabinsk foi um chamado à ação. “Eventos assim podem ocorrer a cada século”, alertou um astrofísico britânico, enfatizando a urgência de melhorar os sistemas de monitoramento de objetos próximos à Terra. Mais de uma década depois, o episódio segue como um lembrete da força bruta do universo e da fragilidade do nosso planeta diante de surpresas cósmicas.

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