A Zona Norte do Rio de Janeiro foi cenário de um dos episódios mais marcantes da guerra contra o tráfico: a queda do helicóptero “Fênix 03” da Polícia Militar no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, durante uma operação contra a invasão de traficantes do Comando Vermelho (CV). O piloto, Marcelo Vaz, foi apontado como herói pelo ex-subcomandante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Paulo Storani, que destacou sua habilidade em evitar uma tragédia ainda maior. Apesar de abatido por disparos de fuzil, Vaz conseguiu manobrar a aeronave, parcialmente blindada, para pousar em um campo de futebol no Morro São João, minimizando danos a áreas residenciais.
O incidente ocorreu durante intensos confrontos desencadeados por uma tentativa do CV, oriundo de favelas como São João, Jacarezinho e Mangueira, de tomar o controle do Morro dos Macacos, dominado pela facção Amigos dos Amigos (ADA). O helicóptero, que sobrevoava a área para apoiar a operação do BOPE e do 3º Batalhão de Polícia Militar (Méier), foi atingido por tiros, resultando na morte de três policiais – Marcos Stadler Macedo, Edney Canazaro de Oliveira e Izo Gomes Patrício – e ferimentos em outros três, incluindo Vaz, que sofreu queimaduras graves. A aeronave pegou fogo após o impacto, e imagens do incêndio, captadas por moradores, viralizaram, chocando o país.
Paulo Storani, professor de políticas de segurança e ex-membro do BOPE, elogiou a perícia de Vaz, afirmando que sua decisão de direcionar o helicóptero para uma área aberta evitou que a aeronave caísse sobre casas, o que poderia ter causado dezenas de vítimas civis. “O piloto demonstrou um controle excepcional em uma situação crítica, salvando vidas mesmo sob ataque”, destacou Storani. A operação, que continuou no dia seguinte com a descoberta de dois corpos não identificados no Morro São João, resultou na apreensão de armas, munições e um carro roubado, além da prisão de quatro suspeitos.
O caso expôs a vulnerabilidade das operações aéreas da PM, já que o “Fênix 03” tinha blindagem apenas na cabine, insuficiente contra fuzis de alto calibre. A violência no fim de semana, que deixou ao menos sete mortos, incluindo os policiais, também reacendeu críticas à segurança pública no Rio, às vésperas da escolha da cidade como sede das Olimpíadas de 2016. O governador Sérgio Cabral prometeu reforçar as ações contra o tráfico, culminando na criação da 13ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro dos Macacos em 2010.
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