Sustentabilidade Fantasma: O Golpe dos Créditos de Carbono na Amazônia

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Na vastidão da Amazônia brasileira, um dos maiores escândalos ambientais e financeiros da década revela como a promessa da sustentabilidade pode se transformar em fachada para um esquema bilionário de corrupção e devastação. Ricardo Stoppe Júnior, apelidado de "rei do carbono", está no centro de uma teia criminosa que manchou iniciativas verdes com fraudes, grilagem de terras e exploração ilegal da floresta.

Criação de uma Farsa Verde

A estrutura do golpe girava em torno de um sistema engenhoso — e altamente ilícito — de geração de créditos de carbono sobre terras públicas e protegidas. Usando documentos forjados em cartórios, Stoppe e sua rede inseriram áreas como a Floresta Nacional do Iquiri em registros fundiários falsos. Com essa falsa legalidade, criaram projetos de preservação que jamais existiram, vendendo créditos através do token MCO2 da startup Moss.

Grandes marcas internacionais, como Gol, Nestlé e Spotify, compraram esses créditos acreditando compensar suas emissões de CO₂. No entanto, os tokens eram baseados em terrenos grilados e degradados. Em paralelo, o grupo lucrava com a "lavagem de madeira", usando guias fraudulentas para legalizar a retirada de toras de terras indígenas e unidades de conservação.

R$ 780 Milhões em Corrupção e Destruição

A Polícia Federal revelou um esquema que movimentou aproximadamente R$ 780 milhões, com R$ 600 milhões oriundos da extração ilegal de madeira e R$ 180 milhões de créditos de carbono fictícios. Investigações apontam envolvimento de cerca de 50 pessoas, entre ex-funcionários públicos, servidores de cartórios e autoridades regionais, em um sistema altamente sofisticado de propinas e falsificações.

Queda Livre da Moss e do Mercado Verde

O impacto foi devastador: o valor do MCO2 despencou de R$ 113 para apenas R$ 0,54 em menos de três anos. A certificadora internacional Verra suspendeu os projetos ligados a Stoppe, fundos de investimento amargaram prejuízos milionários e a Moss abandonou suas atividades digitais. Promessas de desenvolvimento sustentável deram lugar à realidade de florestas devastadas, comunidades intimidadas e biodiversidade ameaçada.

Um Alerta para o Futuro da Sustentabilidade

Este escândalo deixa um alerta urgente: sem mecanismos de fiscalização sólidos e transparência real, projetos ambientais podem se tornar instrumentos de enriquecimento ilícito. É essencial revisar a governança no mercado de carbono, punir os responsáveis e proteger os territórios e povos que sustentam a Amazônia viva.

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