Feminicídio na Pavuna: Suspeito do Assassinato de Marcelle Júlia é Capturado em São Paulo

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Na madrugada de 12 de junho de Marcelle desapareceu após ser vista pela última vez na madrugada de 12 de junho, por volta das 2h18, quando chegou de bicicleta à casa de Zhaohu Qiu, na Rua Robert Chuma, no Jardim América. Imagens de câmeras de segurança capturaram o momento em que ela entrou no imóvel do suspeito, um comerciante chinês de 35 anos que vendia yakisoba em um food truck na região. Segundo testemunhas, Xau tinha uma obsessão não correspondida por Marcelle, que o considerava apenas um amigo. A jovem, descrita como carismática e cheia de sonhos, frequentava a casa do suspeito, que era próximo da família e conhecido por sua postura aparentemente amigável.
Cerca de cinco horas após a chegada de Marcelle, às 7h10 do mesmo dia, câmeras registraram Xau saindo de sua residência empurrando um carrinho de supermercado coberto por uma lona azul. A polícia acredita que o corpo de Marcelle, já sem vida, estava dentro do carrinho. Ele teria levado o corpo para outra propriedade sua, um imóvel em obras na Avenida Coronel Phidias Távora, na comunidade Beira Rio, Pavuna. Lá, o cadáver foi encontrado no dia 14 de junho, enrolado na mesma lona azul, em uma laje, parcialmente mutilado por dois cães da raça pitbull que pertenciam ao suspeito.
A causa da morte ainda não foi confirmada, pois os exames periciais estão em andamento. No entanto, a polícia descartou marcas de tiros ou esfaqueamento no corpo, e há indícios de que Marcelle pode ter sido asfixiada, conforme sugerido por relatos de barulhos de esganamento ouvidos por um amigo que morava com Xau na noite do crime. A tia-avó de Marcelle, Cláudia Luciana de Araújo, relatou que os cães, famintos, dilaceraram o corpo da jovem, destruindo seu rosto, peito e um braço, o que tornou o reconhecimento visual impossível e obrigou o velório a ser realizado com o caixão fechado.
As investigações apontam fortes indícios de que o crime foi premeditado. Xau teria atraído Marcelle à sua casa com a promessa de uma cesta de Dia dos Namorados, aproveitando a proximidade que tinha com a família. Após o crime, ele tentou apagar rastros: o celular de Marcelle desapareceu, e sua bicicleta foi jogada em um canal próximo, onde foi encontrada posteriormente. Além disso, testemunhas relataram que Xau estava vendendo seus pertences, incluindo o trailer de yakisoba, o que sugere uma tentativa de fuga planejada. Uma testemunha afirmou ter visto uma mensagem de texto em que Xau confessava o crime, dizendo: “Já matei, agora vou me matar”. Essa confissão, embora sem prova documental imediata, foi corroborada por familiares que viram capturas de tela da conversa.
A localização do corpo de Marcelle foi resultado de uma busca incansável conduzida por sua cunhada, Layssa Oliveira, de 24 anos, junto a amigas e familiares. Preocupados com o desaparecimento, eles rastrearam o trajeto de Marcelle por meio de imagens de câmeras de segurança fornecidas por moradores. Inicialmente, suspeitaram que ela poderia estar sendo mantida em cativeiro na casa de Xau. Com a ajuda de uma amiga do suspeito, que tinha a chave do imóvel em obras para alimentar os cães, Layssa conseguiu acessar o local. Lá, encontraram o corpo de Marcelle no segundo andar, envolto na lona azul, sendo atacado pelos pitbulls. Para se aproximar, o grupo precisou sedar os animais com calmantes. A cena foi descrita como “crueldade sem fim” por familiares, que destacaram a frieza do suspeito ao deixar o corpo exposto aos cães, possivelmente com a intenção de dificultar a identificação.
Zhaohu Qiu, conhecido como Xau, era uma figura conhecida na comunidade. Dono de um trailer de yakisoba, ele frequentava a casa de Marcelle e era visto como prestativo e carinhoso, o que mascarava sua obsessão pela jovem. Testemunhas relataram que ele organizava festas em sua residência, oferecendo bebidas e drogas a jovens, com o objetivo de iniciar relações sexuais. Apesar de sua proximidade com a família de Marcelle, amigos afirmaram que a jovem rejeitava suas investidas amorosas, o que pode ter motivado o crime. A tia de Marcelle, Daiana Azoor, sugeriu que ciúmes também podem ter desempenhado um papel, já que Marcelle estava reatando um relacionamento com uma namorada, Débora Vitória.
Após o crime, Xau fugiu para São Paulo, mas foi capturado em 16 de junho em Carapicuíba, graças à colaboração entre a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) do Rio e a Polícia Civil de São Paulo. A prisão ocorreu durante o sepultamento de Marcelle, no Cemitério de Irajá, e foi recebida com alívio pelos presentes, que gritaram por justiça. A Justiça decretou a prisão temporária de Xau por 30 dias, com possibilidade de conversão em preventiva, e o caso segue sob investigação para esclarecer todas as circunstâncias.
O assassinato de Marcelle gerou revolta e comoção. No enterro, realizado em 16 de junho, parentes e amigos, vestidos de branco, protestaram com cartazes e gritos de “Justiça para Marcelle!”. A hashtag #JustiçaPorMarcelle viralizou nas redes sociais, com mensagens de indignação contra a violência de gênero. Uma amiga escreveu: “Uma crueldade sem fim. Até quando nós, mulheres, vamos passar por isso só por dizer um ‘não’?” Marcelle, que sonhava em ser influenciadora digital e promover a autoestima feminina, deixou um legado de carinho e esperança, interrompido por um ato de extrema violência.
O caso de Marcelle reforça a gravidade da violência contra a mulher no Brasil. A premeditação, a brutalidade e a tentativa de ocultação do crime destacam a necessidade de ações efetivas para combater o feminicídio. A mobilização da família e da comunidade foi essencial para pressionar as autoridades, mostrando o poder da união em busca de justiça. A Delegacia de Homicídios da Capital continua investigando, e o Disque Denúncia mantém canais abertos para informações sobre o caso: (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177.

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