No dia 29 de fevereiro de 2012, a Operação Monte Carlo, conduzida pela Polícia Federal, desmantelou uma quadrilha de jogo ilegal em Goiás, liderada pelo bicheiro Carlos Augusto Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Horas antes da ação, porém, Cachoeira foi alertado sobre uma movimentação policial em Brasília, conforme revelou o programa TV Folha, da Folha de S.Paulo, em 6 de maio de 2012. O alerta veio do delegado federal Fernando Byron, que, ironicamente, também foi preso na operação, enganado pela cúpula da própria Polícia Federal.
Áudios obtidos pelo programa mostram Byron tranquilizando Cachoeira em uma ligação telefônica na véspera da operação. “Não tem nada a ver com a gente. Um serviço lá em Brasília. Pode ficar tranquilo”, disse o delegado, informando que a superintendência de Goiânia, incluindo delegados, agentes e escrivães, estava sendo mobilizada para a capital federal. Byron, sem saber detalhes, foi despistado pela PF, que mantinha a operação em sigilo. Na conversa, Cachoeira pediu: “À noite, se puder me avisar o que é, me fala”. Em resposta, o contraventor acionou Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, seu auxiliar, para investigar o “negócio em Brasília”. “Vê o que que é, o assunto”, orientou Cachoeira.
Outro áudio, divulgado pela TV Folha, revela o desespero de Lenine Sousa, apontado como braço direito de Cachoeira, na manhã da operação. “Vamo embora daqui. Rápido, rápido, rápido. Acho que a política tá vindo aí. Qualquer coisa, eu já vazei”, disse Lenine a um interlocutor não identificado. Ele conseguiu fugir, mas se entregou à polícia 14 dias depois, em 14 de março. Cachoeira, por sua vez, foi preso em sua casa em Goiânia, em um condomínio de luxo, acusado de liderar um esquema de jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e corrupção.
O caso ganhou proporções nacionais, levando à criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso para investigar as conexões de Cachoeira com políticos, empresários e agentes públicos. A CPMI do Cachoeira, instalada em abril de 2012, revelou a extensão de sua influência, incluindo supostos pagamentos a autoridades e esquemas de lobby. A operação expôs a fragilidade no combate à corrupção e ao crime organizado, levantando debates sobre a infiltração de redes criminosas em instituições públicas.
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