Na noite de 23 de abril de 2012, o jornalista Décio Sá, de 42 anos, foi brutalmente assassinado em um restaurante na Avenida Litorânea, em São Luís, Maranhão. O crime, ocorrido por volta das 23h30, tem características de execução, segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, e chocou a capital maranhense. Décio, conhecido por seu trabalho investigativo no Blog do Décio e como repórter político do jornal O Estado do Maranhão, ligado à família do senador José Sarney, foi atingido por três disparos efetuados por dois homens em uma motocicleta. Ele morreu no local, sem chance de socorro.
A polícia maranhense anunciou que as publicações do Blog do Décio, no ar desde 2006 e um dos mais acessados do estado, serão uma peça-chave na investigação. O blog era conhecido por suas denúncias contundentes contra políticos, grupos de pistoleiros e casos de corrupção, o que levantou suspeitas de que o assassinato possa estar ligado a suas reportagens. Na manhã de 24 de abril, a delegada-geral da Polícia Civil, Maria Cristina Resende Menezes, reuniu-se com delegados e o secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, para formar uma força-tarefa envolvendo todas as instâncias de investigação do estado. O objetivo é esclarecer o crime, que abalou a imprensa e a sociedade local.
Testemunhas relataram que Décio estava no bar quando os atiradores chegaram, dispararam contra ele e fugiram rapidamente. No Twitter, onde o jornalista tinha cerca de 2 mil seguidores, a notícia de sua morte gerou comoção imediata, com mensagens de indignação e luto. O Blog do Décio frequentemente expunha esquemas de corrupção e crimes no Maranhão, o que o tornou alvo de atenção tanto de leitores quanto de possíveis inimigos. A morte de Décio Sá, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, elevou o Brasil à lista dos países mais perigosos para jornalistas em 2012, com cinco assassinatos registrados naquele ano.
A investigação, conduzida pela Superintendência de Homicídios, apontou para um crime encomendado. Em julho de 2012, a polícia prendeu Jhonatan de Sousa Silva, identificado como o executor, que confessou o crime e revelou que Décio foi morto a mando de agiotas devido a denúncias publicadas em seu blog. O caso expôs uma rede de pistolagem e agiotagem no Maranhão, envolvendo até policiais, e culminou na condenação de 11 pessoas em 2013, incluindo o mandante, Glaucio Alencar, e o pistoleiro Jhonatan, sentenciados a 25 e 27 anos de prisão, respectivamente.
O assassinato de Décio Sá permanece como um marco trágico na história do jornalismo brasileiro, evidenciando os riscos enfrentados por profissionais que investigam corrupção e crime organizado em regiões marcadas por tensões políticas e violência.
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